O documento divulgado nesta quinta-feira (18) pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) que aponta uma alta de 22% no desmatamento da Amazônia, entre 2020 e 2021, um recorde nos últimos 15 anos, possui data de 27 de outubro deste ano, dias antes do início da 26ª Conferência do Clima da ONU, a COP26. As informações são do g1.

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A conferência entre os líderes mundiais sobre a emergência climática aconteceu entre os dias 31 de outubro e 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia.

O Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial (SindCT) disse em nota que os números eram aguardados durante a conferência, e que jornalistas chegaram a questionar o governo Jair Bolsonaro (sem partido), mas não obtiveram resposta.

“Este ano, em particular, eram números muito aguardados. Mas, neste evento em Glasgow, os números do Brasil não apareceram. Jornalistas especializados buscaram informações com membros do Governo Brasileiro e foram informados que o PRODES [sistema de monitoramento do Inpe] ainda não tinha concluído o seu relatório anual. Pura mentira!”, diz o SindCT.

Ainda de acordo com o g1, para o membro da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, e ex-coordenador do Plano de Prevenção e Controle ao Desmatamento da Amazônia (2003-2008), João Paulo Capobianco, a omissão dos dados de desmatamento durante a COP26 é um “escândalo”.

“Há um duplo escândalo que deve ser considerado. O primeiro é o fato de que a nota divulgada pelo Inpe é do dia 27 de outubro, ou seja, anterior à Conferência do Clima. Trata-se da primeira vez em que o Prodes não foi divulgado antes ou durante a COP”, afirma Capobianco.

O secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, disse que relatório com dados do desmatamento na Amazônia é a “prova de um crime”.

“Isso aqui não é número de desmatamento, é prova de um crime. É um governo que tem um plano de destruição. E o plano de destruição deu resultado. E o resultado é a gente ver a floresta sendo exterminada dia a dia diante dos nossos olhos”, disse Astrini.

O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, afirmou que só teve “contato com o dado” nesta quinta.