Governo não vai usar aeronaves brasileiras para buscar deportados, diz Mauro Vieira

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Deportados brasileiros vindos dos EUA chegam no aeroporto de Confins, em Belo Horizonte 25/01/2025 REUTERS/Washington Alves Foto: REUTERS/Washington Alves

O governo do Brasil não vai usar aeronaves da Força Aérea Brasileira para buscar cidadãos deportados dos Estados Unidos, disse nesta terça-feira o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, mas vai buscar o governo norte-americano para abrir uma negociação que tente garantir segurança e conforto mínimo aos repatriados.

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“Não foi cogitado e não será feito uso da Força Aérea Brasileira. Essa é uma questão do governo norte-americano”, disse Vieira depois de reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tratar dos deportados.

De acordo com uma fonte ouvida pela Reuters, o uso das aeronaves chegou a ser cogitado pelos militares, mas a postura do governo brasileiro é de que são os Estados Unidos que querem deportar, então eles têm que assumir a operação. O papel do Brasil é garantir que haja segurança e condições adequadas.

Na segunda-feira, o encarregado de negócios da embaixada norte-americana, Gabriel Escobar, foi chamado ao Itamaraty para uma conversa sobre as condições enfrentadas pelos brasileiros no voo que chegou a Manaus, na sexta-feira, e abriu a crise sobre o transporte dos deportados.

Ainda não há resposta do governo dos Estados Unidos sobre a proposta brasileira, mas Vieira diz que “a intenção é conversar com autoridades norte-americanas sobre como fazer o transporte de maneira digna e humana”.

Além disso, de acordo com a ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, o governo vai criar um posto de acolhimento no aeroporto de Cofins, na zona metropolitana de Belo Horizonte, onde chegam a maior parte dos voos de deportados — em média, nos últimos anos, foram entre 13 e 14 voos. A intenção, segundo a ministra, é apoiar os repatriados na volta ao Brasil, com auxílio inclusive para reinserção no mercado de trabalho.

Operação acolhida

O governo brasileiro definiu também que manterá o financiamento das ações da Operação Acolhida, em Roraima, de recepção aos imigrantes venezuelanos, depois que o governo norte-americano suspendeu o repasse de recursos para agências das Nações Unidas, inclusive a Organização Internacional de Migrações (OIM) e o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).

De acordo com informações das organizações, a OIM foi a mais afetada, com cerca de 60% dos recursos vindos dos repasses norte-americanos. Já o Acnur teria outras fontes de financiamento.

O governo brasileiro garantiu o financiamento das ações em Roraima, onde cerca de 500 venezuelanos ainda entram por dia no Brasil, pelo menos até que as agências consigam repor o financiamento.