O governo do México anunciou nesta quarta-feira (4) um acordo com produtores e empresários visando manter o preço dos alimentos básicos e controlar a inflação, que está em seu maior nível em duas décadas.

“Não se trata de controle dos preços, é um acordo, uma aliança para garantir que a cesta básica de alimentos tenha um preço justo”, disse o presidente, Andrés Manuel López Obrador, em sua tradicional coletiva de imprensa matutina, a qual alguns empresários assistiram.

O acordo, que não é vinculante, não estima uma fixação na referência de preços por parte do Executivo, tampouco o controle do poder público sobre o valor dos produtos que são vendidos.

Em março, a inflação chegou a 7,45% no México, muito acima do objetivo do Banco do México, que é 3% anual +/- um ponto porcentual.

O secretário da Fazenda, Sergio Ramírez de la O, disse que o objetivo do chamado “pacote contra a inflação e a carestia” é manter um preço estável de alimentos básicos durante seis meses. O acordo seria renovado, caso haja nacessidade.

A cesta bástica contribuiu com 13% da inflação, a energia 10% e os impostos de serviços autorizados pelo governo com 4%, explicou o ministro.

O governo já subsidia os combustíveis com os excedentes do aumento de 40% do petróleo mexicano. Sem esta compensação, disse o secretário, a inflação seria de 10%.

O pacote apresentado contempla uma produção adicional de até 2,8 milhões de toneldas de grãos, principalmente milho, arroz e feijão.

Entre outras medidas para o setor agropecuário, serão distribuídos dois milhões de toneladas de fertiliazantes, um produto duramente afetado pela guerra na Ucrãnia, uma vez que a Rússia é um dos maiores produtores mundiais desses insumos.

“Estas medidas são de oferta, de redução de custos. Não estamos influenciando programas de controle de preços”, disse Ramírez de la O.

O governo também reforçará a segurança das estradas para evitar o roubo de cargas de alimentos e não aumentará pedágios ou tarifas do transporte ferroviário.

Na apresentação, as autoridades anunciaram que a telefônica Telmex, do magnata Carlos Slim, não aumentará as contas de telefonia e internet por um ano.

A economia mexicana, fortemente atingida pela pandemia, desabou em 8,4% em 2020. Em 2021, cresceu 5%, mas este ano as expectativas de crescimento do governo têm sido reduzidas para 3,4% por influência da guerra na Ucrânia.

O Banco do México, que trabalha com uma expansão de 2,4% para 2022, tem seguido uma política de aumento na taxa de juros, que estacionou em 6,5%, para combater a inflação.