O governo Lula (PT) gastou cerca de R$ 500 mil para publicar e ampliar o alcance de anúncios que divulgam a PEC da Segurança Pública e ações da Polícia Federal de combate à criminalidade no Facebook e Instagram desde o final de outubro, quando uma megaoperação foi deflagrada no Rio de Janeiro para confrontar o Comando Vermelho.
Os dados são de acesso público na biblioteca de anúncios da Meta, proprietária de ambas as plataformas, e foram inicialmente compilados pelo site da emissora CNN Brasil. A IstoÉ confirmou os números.
O maior investimento da gestão petista foi em três publicações divulgando a PEC da Segurança Pública. A distribuição do conteúdo, de 30 a 31 de outubro, custou de R$ 70 a R$ 80 mil aos cofres públicos e gerou mais de 3 milhões de impressões entre usuários de todos os estados da federação.

Em resumo, são postagens que explicam as principais mudanças propostas no texto enviado ao Congresso pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, incluindo a integração das forças policiais para o combate às facções criminosas.
Embora não mencione a megaoperação carioca, a publicação compara os efeitos de operações policiais com e sem integração, exemplificando como resultados negativos a interrupção de serviços públicos, do comércio e os riscos para a população civil. A Operação Carbono Oculto, por outro lado, é citada como exemplo positivo.
Segurança é ponto crítico para Lula
Principal munição do governo federal para atacar a criminalidade e melhorar a avaliação de Lula na pauta, a PEC foi aprovada na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, mas a tramitação ainda não foi adiante. Desde que a megaoperação foi deflagrada no Rio de Janeiro, mesmo com as críticas de diferentes entidades à alta letalidade (121 pessoas foram mortas, incluindo quatro policiais), a avaliação do governador Cláudio Castro (PL) na área tem superado a do petista.
Aliado de Jair Bolsonaro (PL), Castro chegou a dizer que o estado atuava “sozinho” para combater o Comando Vermelho, acusou o Ministério da Defesa de negar apoio logístico às polícias fluminenses e viu um cordão de governadores de oposição a Lula se formar ao seu redor para apoiar as medidas da operação. Em comum, os chefes dos Executivos estaduais exploram a pauta para desgastar o presidente, como a IstoÉ relatou nesta reportagem.
A Secom (Secretaria de Comunicação) da Presidência foi procurada para comentar os valores e a estratégia de divulgação nas plataformas digitais, mas não retornou até a publicação desta notícia. O espaço segue aberto à manifestação do governo Lula.