Governo italiano entra em semana decisiva para evitar crise

ROMA, 4 JAN (ANSA) – O governo do primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, entra em uma semana decisiva para evitar uma crise política enorme em meio à pandemia de Covid-19 e ao plano de recuperação financeira da Itália.   

Isso porque, com a constante pressão do ex-premiê Matteo Renzi, líder do partido Itália Viva que faz parte da base aliada do governo de Roma, o cenário se apresenta cada vez mais instável.   

Segundo fontes ouvidas pela ANSA nas últimas horas, o premiê teria “dado um aceno” que aceita abrir uma espécie de mediação, mas o resultado ainda é bastante incerto: se Conte enfrentará a perda de um aliado bastante barulhento – o que poderia provocar uma nova eleição – ou se tentará um acordo para continuar com o governo com a mesma base.   

O líder do IV no Senado, Davide Faraone, ampliou as cobranças de Renzi e cobrou “bom senso” do governo nas próximas medidas sanitárias contra a pandemia, que devem ser anunciadas ainda hoje, e sobre o plano de recuperação que deve ser apresentado entre os dias 6 e 7 de janeiro.   

Caso os pedidos de Renzi não sejam negociados, o presidente da sigla poderia pedir às duas ministras do IV no governo – da Agricultura, Teresa Bellanova, e da Família, Elena Bonetti – que deixem seus cargos.   

Um dos pontos que Conte já aceitou retirar do plano é uma comissão que analisaria a cibersegurança no governo – que afetaria os serviços secretos de governo -, mas só isso não deve ser suficiente, pois Renzi considera o plano de governo ainda ineficiente para o tamanho do desafio.   

“Esse é o momento para dar respostas concretas aos cidadãos sobre as vacinas, a economia e a escola. Nos palácios romanos, que parem de ficar fofocando e deem mais dinheiro para a saúde com o MES [Mecanismo Europeu de Estabilidade]. A Europa tem um saco de dinheiro, queremos gastá-lo bem?”, disse Renzi hoje em entrevista ao TG5, em referência ao instrumento da União Europeia para ajudar os Estados que não conseguem mais pagar suas dívidas.   

Uma reunião marcada para essa segunda-feira (04) tentará acalmar os ânimos, mas o desfecho dela ainda é indefinido, segundo diversos veículos da imprensa italiana.   

Conforme o jornal “La Repubblica”, apesar de Renzi vir a público dizer que não quer novas eleições, membros do governo de Conte “não excluem ir às urnas” – mesmo tom adotado por fontes da Presidência ouvidas. A publicação ainda ressalta que uma nova eleição, se precisar acontecer, seria realizada em abril.   

(ANSA).