ROMA, 07 MAI (ANSA) – O governo da Itália discute uma proposta para estender por três meses a permissão de estadia para trabalhadores estrangeiros com contratos temporários vencidos, em uma espécie de meio-termo que evite uma nova crise na base aliada.   

A ministra da Agricultura, Teresa Bellanova, do partido de centro Itália Viva (IV), pede a regularização dos cerca de 600 mil imigrantes em condição irregular na Itália, mas a proposta encontra resistência no antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), principal força governista no país e dono da maior bancada no Parlamento.   

No entanto, segundo informações de bastidores, os ministros trabalham em uma proposta para estender por três meses a permissão de estadia de imigrantes que estejam com contratos de trabalho temporários vencidos ou que tenham perdido o emprego por conta da pandemia de coronavírus.   

De acordo com os números que circulam no governo, o público interessado poderia chegar a 300 mil pessoas, metade do proposto por Bellanova, que chegou a ameaçar se demitir caso os imigrantes não fossem regularizados.   

“Não é uma batalha instrumental para ganhar votos. Essas pessoas não votam. Se não passar, será um motivo de reflexão sobre minha permanência no governo”, afirmou a ministra recentemente.   

Bellanova é ex-sindicalista e a principal representante do ex-primeiro-ministro Matteo Renzi no governo.   

Já o senador e líder da oposição Matteo Salvini promete ir às ruas caso a proposta da ministra seja aprovada. “É criminosa a ideia de regularizar centenas de migrantes. Seria diferente prorrogar as permissões de estadia vencidas nos últimos meses, mas uma anistia indiscriminada seria devastadora”, afirmou nesta quinta (7).   

Proposta – Em artigo publicado em abril, Bellanova afirmou que a regularização permitiria enfrentar a “urgência da falta de mão de obra na agricultura”, que coloca em risco produtores, postos de trabalho, investimentos e a própria cadeia do setor alimentício.   

Segundo a ministra, isso também ajudaria a evitar uma “emergência humanitária” nos “assentamentos informais superlotados de pessoas que não trabalham ou o fazem na invisibilidade total”. “Estão sob risco da fome, abandonadas a si mesmas e à mercê da ameaça do vírus”, escreveu.   

Bellanova também ressaltou que não exclui a utilização de mão de obra italiana no campo, mas disse que existe uma carência de 350 mil trabalhadores no setor, uma vez que a maior parte dos 400 mil estrangeiros que atuam regularmente nas colheitas não irá ao país neste ano por causa da pandemia de coronavírus. (ANSA)