O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou nesta quinta-feira, 23, que o governo estuda mudar o modelo de financiamento de longo prazo para o agronegócio, com a troca das taxas pré-fixadas, para uma modelo com taxas móveis atreladas à inflação e mais juros, por exemplo. “Existe preocupação por parte dos produtores de que as atuais taxas são elevadas para um padrão de inflação baixa (que possa vir no futuro)”, disse. “A ideia no governo é que consigamos uma escala (…), com inflação mais algum juro condizente, porque nós temos que sinalizar para o futuro”, explicou o ministro, após audiência no Senado, em Brasília (DF).

Segundo ele, a correção dos financiamentos de custeio agrícola não preocupa agricultores e o governo, justamente por causa do curto prazo para o vencimento, ao contrário dos recursos emprestados para investimentos em máquinas, infraestrutura e logística agrícola.

“O custeio não preocupa, porque vence muito rápido. Com taxa de juros hoje de 8,5% a 9% ao ano e inflação de 7%, significa que tem juros reais de 1% a 2%”, afirmou. “Mas (preocupa) para a compra de máquinas, construção de armazéns e todos esses programas, que têm de 10 a 15 anos para pagar. Imagine lá na frente esse produtor devendo 10% ao ano, com inflação de 2%?”, emendou o ministro.

Fiscalização terceirizada

Blairo Maggi defendeu também que o governo federal adote um sistema terceirizado de fiscalização sanitária, desde que haja um controle e uma supervisão feitos pelos técnicos federais da área. Para Maggi, a proposta se justifica em razão do crescimento da demanda exportadora do setor agrícola, pecuário e da agroindústria em um cenário de pressão dos importadores para uma maior rigidez sanitária.

“Eu entendo que o País não tem condições de acompanhar, com o (atual) número de fiscais e os concursos públicos, a velocidade do crescimento das exportações, e isso nos leva a uma reflexão de como conseguiremos cumprir nossos acordos internacionais de fiscalização pelo serviço público”, afirmou Maggi. “O ministério está estudando e conversamos com o setor de abrir o espaço sob a responsabilidade do Estado, de ter um serviço terceirizado.”

O ministro afirmou que o serviço terceirizado daria agilidade e rapidez ao processo e procurou tranquilizar os fiscais, que passariam, segundo ele, a ter “um status mais elevado” de coordenação de um processo que já conhecem.