Governo emplaca presidência da CPI do Crime Organizado; relatoria será do MDB

Articulação e trocas de última hora emplacam Fabiano Contarato para comandar os trabalhos do colegiado que investigará avanço do PCC e do CV pelo país

Governo CPI do Crime Organizado Fabiano Contarato; Alessandro Vieira
Senador Fabiano Contarato (PT-ES) assume a presidência da CPI do Crime Organizado; Alessandro Vieira é o relator Foto: Andressa Anholete/Agência Senado

Os senadores Fabiano Contarato (PT-ES) e Alessandro Vieira (MDB-SE) vão comandar os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado no Senado. Ambos foram eleitos nesta terça-feira, 4, para a presidência e relatoria, respectivamente, do colegiado. Hamilton Mourão (Republicanos-RS) será o vice-presidência da comissão.

A escolha de Vieira já estava precificada desde a semana passada, quando a abertura da CPI foi determinada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). O senador foi o responsável pelo requerimento que pediu a abertura do colegiado. O impasse estava na escolha da presidência dos trabalhos, onde oposição e governo travavam uma batalha para comandar o colegiado. De última hora, a ala oposicionista convocou Mourão para a presidência, com objetivo de tomar para si a pauta da segurança pública e evitar um fortalecimento do Palácio do Planalto no tema.

Do outro lado, o governo fez uma manobra e trocas de última hora para conseguir o apoio a Contarato. Até a manhã desta terça, o senador do Espírito Santo estava na suplência do colegiado, mas Jaques Wagner, líder do governo na Casa, optou por dar lugar ao colega para ter maior adesão ao nome dele.

De quebra, a ala governista ganhou a maioria no colegiado. Dos 11 membros, o Planalto conta com cinco votos garantidos: Otto Alencar (PSD-BA), Contarato, Jorge Kajuru (PSB-GO), Ângelo Coronel (PSD-BA) e Rogério Carvalho (PT-SE). Independente, Vieira tende a votar com o governo no colegiado. O número pode aumentar com Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), suplente em um dos blocos que conta com dois da ala oposicionista. Já a oposição conta com outros cinco membros: Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Hamilton Mourão, Márcio Bittar (PL-AC), Marcos do Val (Podemos-ES) e Magno Malta (PL-ES).

A comissão é uma resposta à operação da Polícia do Rio de Janeiro que deflagrou uma operação contra o Comando Vermelho na semana passada nos Complexos do Alemão e da Penha. Ao todo, 121 pessoas morreram, sendo a operação mais letal na história do estado. Os senadores deverão focar na expansão e no financiamento do crime organizado, incluindo as milícias, a participação das organizações criminosas nos presídios e a atuação e infiltração dos criminosos no setor público. Os parlamentares também devem investigar a operação financeira das quadrilhas, como no caso do PCC, investigado por atuar no setor de combustíveis e motéis.