O governo e a oposição da Venezuela informaram que aproximaram posições durante a terceira rodada de diálogos, concluída nesta segunda-feira na Cidade do México, ao mesmo tempo em que condenaram os episódios recentes de xenofobia contra venezuelanos no Chile.

Os grupos de trabalho “tiveram reuniões conjuntas, nas quais aproximaram suas posições na busca por soluções para os desafios em matéria social, econômica e política”, segundo um comunicado lido pelo diplomata norueguês Dag Nylander.

As partes não deram detalhes sobre os temas em que avançam na negociação, destinada a solucionar a grave crise política e econômica em que está mergulhada a ex-potência petrolífera. “Demos outro passo acertado”, destacou o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em declaração transmitida pela TV pública.

Os delegados de Maduro e da Plataforma Unitária também afirmaram ter avançado na definição de um “mecanismo de consulta” da mesa de diálogo que inclua “personagens políticos e sociais”. Com esse fim, serão realizadas “sessões de consulta com diversos personagens políticos e sociais, nacionais e internacionais, para que se estabeleça o quanto antes um mecanismo eficiente de consulta e participação”, acrescenta o texto.

– Rejeição à xenofobia –

Ambas as equipes rejeitaram, por outro lado, os “atos de xenofobia e violência” contra famílias venezuelanas observados durante o protesto contra estrangeiros sem documentos ocorrido no último sábado na cidade chilena de Iquique. Esses fatos “constituem uma violação gravíssima” dos direitos dos migrantes, assinala o comunicado, que também lamenta as “campanhas de ódio” contra a população venezuelana em “vários países”.

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– Sanções x eleições –

O governo de Maduro e a oposição iniciaram novas negociações na Cidade do México em 14 de agosto, com a mediação da Noruega e o acompanhamento da Holanda e da Rússia.

Os representantes de Maduro vislumbram principalmente o levantamento de sanções dos Estados Unidos, que incluem um embargo petroleiro, e o reconhecimento do presidente, cuja reeleição em 2018 foi denunciada como uma fraude por seus adversários. A oposição, por sua vez, busca um calendário eleitoral que inclua novas eleições presidenciais.

Maduro afirmou hoje que as conversas avançam para “uma paz permanente e a recuperação dos nossos ativos no exterior”, referindo-se à Monómeros, petroquímica venezuelana na Colômbia cujo controle foi entregue ao opositor Juan Guaidó.

As duas rodadas de diálogo anteriores foram concluídas com acordos sobre pontos sem maiores divergências: mecanismos para financiar vacinas contra a Covid-19 e a ratificação da “soberania” da Venezuela sobre a Guiana.


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