Torcedoras do Irã poderão assistir a uma partida da seleção do país no estádio em outubro, quando o país enfrentará o Camboja pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022, no estádio Azadi, em Teerã. A permissão foi dada pelo governo iraniano nesta segunda-feira. As mulheres iranianas estavam proibidas de entrar nas arenas para jogos masculinos desde 1979, quando ocorreu a Revolução Islâmica no país.

Nos últimos anos, mulheres têm protestado pelo direito de acompanhar o esporte. Algumas chegam a se fantasiar de homens para entrar nas arenas, usando barbas e perucas falsas. Em junho deste ano, torcedoras foram agredidas por seguranças e duas foram detidas após conseguirem comprar ingressos para a partida amistosa entre Irã e Síria. No ano passado, 35 foram presas por entrar no estádio Azadi para acompanhar o clássico entre Persépolis e Esteghlal.

As iranianas também demonstraram a paixão pelo esporte em outras ocasiões. Cerca de cinco mil foram ao Azadi para recepcionar a seleção do país em 1997, após a classificação para a Copa do Mundo da França. Outras tentaram entrar na arena durante a visita do presidente da Fifa, o suíço Gianni Infantino, em março de 2018, quando o cartola não falou sobre a segregação publicamente.

E, em eventos fora do Irã, as iranianas marcaram presença nos estádios, embora tomem precauções para que as suas famílias não sofram represálias. Na Copa do Mundo da Rússia, em 2018, muitas fãs do futebol conseguiram realizar o sonho de acompanhar a seleção pela primeira vez. Agora, terão a chance de fazer isso em território iraniano.

“As mulheres poderão ir ao Azadi, em Teerã, para assistir a partida entre a seleção nacional do Irã e o Camboja em outubro para a Eliminatória da Copa do Mundo do Catar. Não há proibição legal para as mulheres assistirem aos jogos de futebol no estádio. A ativação da infraestrutura está em andamento”, afirmou Jamshid Taghizadeh, vice-ministro de esportes do país, segundo a agência de notícias Irna.

A justificativa oficial do regime era que o ambiente do estádio era inadequado para famílias e mulheres por causa do ambiente grosseiro e dos palavrões. Mas, com os protestos, e com nações rivais como a Arábia Saudita permitindo que mulheres possam acompanhar jogos de futebol, finalmente as iranianas poderão torcer.