O governo do Equador classificou neste sábado de tentativa de “desestabilização” um relatório do Congresso que recomendou um julgamento político contra o presidente Guillermo Lasso por corrupção.

Com 104 dos 137 votos, o plenário do Congresso abriu caminho para o julgamento do presidente, ao aprovar neste sábado o “Relatório do Grande Padrinho: Crimes contra a Administração Pública e a Segurança do Estado”, elaborado por uma comissão anticorrupção.

“Não é um ato de fiscalização, e sim de desestabilização evidente”, expressou o ministro de Governo, Henry Cucalón. Já Lasso tuitou que o relatório aprovado “carece de suporte lógico, probatório e legal”.

A comissão que investigou o caso foi criada depois que o portal La Posta revelou em janeiro uma suposta estrutura de corrupção estabelecida por Danilo Carrera, cunhado de Lasso, em empresas públicas.

Áudios divulgados pelo site supostamente envolvem Carrera, que não ocupa cargo no governo, assim como Hernán Luque, ex-integrante da diretoria da Empresa Coordenadora de Empresas Públicas (Emco).

“O plenário da Assembleia Nacional voltou a falhar com o país ao acatar um relatório embaraçoso da comissão ocasional, que, em sua forma, carece de validade jurídica e não é vinculante”, acrescentou Cucalón.

Segundo o ministro, o documento não contém provas de que o presidente tenha cometido atos de corrupção, motivo pelo qual estimou que “não há mérito algum para um julgamento”. A oposição no Congresso, no entanto, considerou que Lasso foi advertido sobre a suposta trama de corrupção e não agiu para freá-la.

Após a aprovação do relatório, Lasso pediu à promotoria que “desenvolva todas as investigações pertinentes, com todo o rigor e profundidade”, segundo uma carta que compartilhou no Twitter.

O presidente acrescentou que o relatório aprovado pelo Congresso “contém elucubrações desconexas sobre supostos atos de corrupção”, mas que, apesar disso, pediu ao Executivo que “responda prontamente” aos requerimentos da promotoria.

A aprovação do relatório não implica o início de um julgamento político. Para chegar a essa instância, deve haver um pedido formal apoiado por um terço dos deputados, que precisa ser estudado pela Corte Constitucional, que aprova ou não a sua tramitação no Congresso.

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