O sócio do banco Brasil Plural e ex-diretor do Banco Central (BC), Mário Mesquita, elogiou nesta sexta-feira, 20, a formação da equipe econômica liderada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, mas lembrou que sua excelência não a torna independente da situação política.

“Especialmente no que toca à situação fiscal, o governo depende de apoio político para as reformas. As dúvidas do mercado hoje em dia se referem muito mais ao apoio político que o governo e o Congresso vão dar à equipe econômica do que às decisões que essa equipe vai tomar”, afirmou Mesquita, durante um intervalo do XVIII Seminário Anual de Metas para a Inflação, no Rio.

Para Mesquita, o temor dos políticos em relação a reformas impopulares pode piorar as coisas. “Se a classe política não quiser enfrentar momentos de impopularidade temporária e não fizer as reformas, a gente vai caminhar para uma crise muito mais grave, pois a dívida brasileira é insustentável. A impopularidade também virá e de forma bastante severa”, afirmou o economista.

A crise atual requer sacrifícios, destacou Mesquita. “A gente vive um momento em que serão necessários sacrifícios de todas as partes e a classe política deve estar ciente disso. Um trabalho importante da equipe econômica, que já teve início, é preparar a sociedade para essas medidas e demonstrar a necessidade delas”, disse.

Para Mesquita, a equipe liderada por Meirelles tem a noção correta de que o ajuste fiscal deverá ser feito com foco nos gastos públicos e numa reforma da Previdência Social, “visto que a carga tributária já é bastante elevada”. No entanto, Mesquita considera que uma alta temporária de imposto talvez seja necessária, se o governo não quiser estabilizar a dívida pública em nível mais elevado, como proporção do Produto Interno Bruto (PIB).

“Talvez seja necessário para fazer a diferença entre você estabilizar a dívida mais cedo e num nível mais baixo, ou estabilizar mais tarde”, explicou o ex-diretor do BC, destacando, porém, que “não é viável proposta de aumento de imposto sem que antes o governo ataque a questão do gasto”.

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“Alguma resistência haverá de qualquer forma, mas se não tiver essa iniciativa do lado dos gastos, vai ser muito difícil conseguir alguma coisa do lado dos impostos”, completou Mesquita.


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