A cidade de Ouro Preto (MG) sedia hoje (21) a tradicional cerimônia de entrega da Medalha da Inconfidência, a maior honraria concedida pelo governo mineiro. Serão agraciadas 171 personalidades que contribuíram para o desenvolvimento de Minas Gerais e do Brasil. Além disso, o ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, será homenageado in memorian. Morto em 2013 aos 95 anos, o ícone mundial da luta contra o racismo receberá a comenda máxima, o grande colar.

O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), chegou a convidar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para receber o grande colar. Procurado pela Agência Brasil, o Instituto Lula disse apenas que o ex-presidente já foi agraciado com a comenda em 2003, entregue pelo então governador Aécio Neves, e não irá esse ano.

Como de praxe, o recebedor do grande colar é também o orador da cerimônia. No ano passado, esse papel coube ao ex-presidente do Uruguai, José Mujica. Como Nelson Mandela será homenageado in memorian, o discurso principal será feito pelo próprio governador Fernando Pimentel. A cerimônia será acompanhada pelo embaixador sul-africano Ntshikiwane Joseph Mashimbye.

Mandela inspirou movimentos contra o racismo em todo o mundo. Líder da luta contra o “apartheid” na África do Sul, ele recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1993 e se tornou o primeiro presidente negro de seu país de 1994 a 1999. Era também carinhosamente chamado de Madiba, nome do clã a que pertencia.

Histórico

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A medalha da Inconfidência foi instituída em 1952 pelo então governador mineiro Juscelino Kubitschek. Os agraciados são escolhidos por um conselho composto por representantes dos poderes executivo e legislativo do estado e de Ouro Preto.

No dia da cerimônia, um decreto do governador transfere simbolicamente por um dia a capital mineira para Ouro Preto, lembrando que o município exerceu esse papel de 1823 a 1897. A cidade foi também o berço da Inconfidência Mineira, movimento que confrontou o domínio da Coroa portuguesa sobre o Brasil. A revolta terminou em 21 de abril de 1792, quando foi enforcado no Rio de Janeiro um dos inconfidentes, o Tiradentes. O episódio completa hoje 225 anos.

A escolha de Mandela como principal homenageado desta edição contrasta com a baixa representatividade de negros entre os agraciados com a medalha. Em 2016, entre as 147 pessoas que receberam a medalha na ocasião, a grande maioria era de homens brancos. Poucos eram negros e apenas 32 eram mulheres. Neste ano, das 171 pessoas que receberão a medalha, 35 são mulheres.

Entre os agraciados desta edição, estão seis governadores: Camilo Santana, do Ceará; Flávio Dino, do Maranhão; Renan Filho, de Alagoas; Ricardo Coutinho, da Paraíba; Rui Costa, da Bahia e Tião Viana, do Acre. Também receberão a medalha o cineasta Helvécio Ratton, os músicos Samuel Rosa, Fernanda Takai e Saulo Laranjeira e os atores Wagner Moura, Marieta Severo, Letícia Sabatella e Camila Pitanga. Os demais homenageados são parlamentares, prefeitos, magistrados, professores, militares, juristas, médicos, advogados, gestores públicos, historiadores, religiosos e empresários.


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