01/12/2024 - 11:51
O governo da Geórgia descartou neste domingo (1º) organizar novas eleições, algo que a oposição reivindica, apesar da crise política que sacode o país do Cáucaso, cenário de manifestações pró-União Europeia (UE) há três noites.
A ex-república soviética realizou eleições legislativas em 26 de outubro. O partido no poder, Sonho Georgiano, reivindicou sua vitória, mas a oposição denunciou irregularidades e pediu que as eleições fossem convocadas novamente. Uma reivindicação apoiada pela presidente do país, Salomé Zurabishvili, que tem poderes limitados.
“Claro que não”, respondeu o primeiro-ministro Irakli Kobakhidze aos jornalistas, ao ser questionado sobre se o governo, acusado de deriva autoritária pró-Rússia, aceitaria organizar novas eleições.
Há três noites, a capital Tbilisi e outras cidades têm sido palco de manifestações, às quais compareceram milhares de pessoas em protesto pela decisão do governo de adiar para 2028 as negociações de adesão à UE. Ainda assim, o Executivo mantém que deseja que o país faça parte do bloco até 2030.
Os protestos foram dispersados com gás lacrimogêneo e canhões de água, e tiveram como saldo mais de 150 detidos e dezenas de agentes feridos, segundo a polícia.
Neste contexto, a presidente Zurabishvili, pró-UE, garantiu que permaneceria no cargo “até que ocorram novas eleições”, apesar de seu mandato terminar no fim de dezembro.
“Até que ocorram novas eleições e o Parlamento eleja um novo presidente de acordo com novas regras, o meu mandato vai continuar”, afirmou a presidente em entrevista exclusiva à AFP.
“Está claro que o uso da violência contra manifestantes pacíficos não é aceitável e que o governo georgiano deve respeitar a vontade do povo georgiano”, afirmou, por sua vez, neste domingo, a nova titular da diplomacia da União Europeia, a estoniana Kaja Kallas.
Segundo Kallas, que assumiu o cargo neste domingo, a situação na Geórgia teria “claras consequências” nas relações com a UE.
Em paralelo às manifestações, centenas de funcionários e juízes publicaram declarações comuns em sinal de protesto, e cerca de 160 diplomatas georgianos criticaram a decisão do governo, considerando que vai contra a Constituição e que leva ao “isolamento internacional” do país.
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