O governo da Colômbia decretou neste domingo (17) a suspensão em três departamentos do país da trégua pactuada com a maior facção dissidente do acordo de paz com as Farc, depois que os rebeldes realizaram um ataque a um grupo de indígenas que deixou uma mulher morta e um ferido.

“Devido ao não cumprimento do cessar-fogo por parte das estruturas do Estado-Maior Central das FARC-EP nos departamentos de Nariño, Cauca e Valle del Cauca, será ordenada sua suspensão e o reinício das ações ofensivas contra as mesmas pela Força Pública”, diz um decreto do Ministério da Defesa.

A trégua, porém, continua em vigor em outras regiões onde os rebeldes estão presentes, como a Amazônia e a fronteira com a Venezuela.

Mais cedo, o presidente Gustavo Petro divulgou um comunicado sobre o ataque armado contra o grupo no município de Toribío, departamento de Cauca (sudoeste), e acusou uma violação do cessar-fogo.

O governo e o Estado-Maior Central (EMC) suspenderam as hostilidades no início de 2023, embora o acordo tenha sido violado pelos rebeldes várias vezes.

No meio de 2023, Petro suspendeu o cessar-fogo por vários meses após o assassinato de quatro menores indígenas que desertaram das fileiras dessa organização.

O EMC, a principal facção de rebeldes que não aderiu ao acordo de paz que desmobilizou as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em 2017, reúne cerca de 3.500 combatentes e controla rotas de narcotráfico nas fronteiras com o Equador e a Venezuela, de acordo com inteligência militar.

O ataque de sábado é o mais recente dos subversivos contra as comunidades indígenas, depois que “pessoas armadas” de uma frente conhecida como Dagoberto Ramos “raptaram um menor de idade” em uma área rural de Toribío, denunciou a autoridade indígena do município em um comunicado.

“A comunidade se mobilizou para resgatar o membro da comunidade, conseguindo libertá-lo e imobilizar o veículo onde estava ocorrendo o sequestro (…) A resposta desses criminosos foi disparar indiscriminadamente contra a comunidade”, acrescentou.

Uma mulher de 52 anos identificada como Carmelina Yule foi baleada no rosto e morreu mais tarde no hospital, segundo os moradores do local.

O indígena Rodrigo Ul Músicue também ficou ferido, denunciou a representante na Colômbia do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Juliette de Rivero, que “condenou” o ataque.

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