ESTRASBURGO E ROMA, 13 MAR (ANSA) – O líder do partido ultranacionalista italiano Liga Norte, Matteo Salvini, descartou nesta terça-feira (13) qualquer hipótese de formar um governo com o centro-esquerdista Partido Democrático (PD), mas manteve as portas abertas para o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S).   

Apesar de a coalizão de direita ter saído vencedora das urnas, com 37% dos votos, ela precisará se aliar a grupos rivais para conseguir governar, já que não obteve maioria no Parlamento. Em entrevista a jornalistas, Salvini reconheceu que os programas de M5S e Liga são “muito diferentes”, mas deixou transparecer que não há muitas possibilidades para a aliança conservadora.   

“A coalizão de centro-direita venceu e não é autossuficiente na Câmara e no Senado, mas, seguramente, não posso me aliar com quem governou mal nos últimos anos, então qualquer hipótese de governo que preveja Renzi ou Gentiloni é inimaginável”, declarou o líder da Liga, referindo-se ao ex-primeiro-ministro e ao atual premier da Itália.   

“Nosso objetivo é um governo de centro-direita, com um programa de centro-direita, e quem viver verá”, acrescentou. Outra hipótese para a aliança conservadora seria cooptar parlamentares isoladamente dentro da esquerda ou do M5S, mas os números dificultam esse trabalho: a direita precisa de mais 52 assentos na Câmara e 24 no Senado.   

Por outro lado, uma coalizão entre Liga e Movimento 5 Estrelas teria maioria no Parlamento, ainda que estreita. O entrave seria a liderança do governo, já que tanto Salvini quanto Luigi Di Maio, líder do partido antissistema, querem a cadeira de primeiro-ministro.   

“Não contemplamos qualquer hipótese de governo ‘de todos’ ou ‘institucional’. Os italianos votaram em um candidato a premier”, afirmou Di Maio nesta terça, em encontro com a imprensa estrangeira em Roma. “Pedimos responsabilidade a todas as forças políticas. A dívida, o desemprego, a taxação sobre as empresas… Não queremos brigas entre os partidos. Devemos libertar a Itália”, acrescentou.   

As consultas com o presidente Sergio Mattarella para a formação do novo governo só começarão entre o fim de março e o início de abril, após a posse da legislatura e as eleições dos presidentes da Câmara e do Senado. Se as negociações não derem resultado, o chefe de Estado pode ter de convocar o país às urnas novamente.   

(ANSA)