26/05/2018 - 12:31
SÃO PAULO, 26 MAI (ANSA) – O ministro Carlos Marun, da secretaria do Governo, anunciou neste sábado (26) que começarão a ser aplicadas multas de R$ 100 mil por hora parada a empresas de caminhões que não desbloquearem as rodovias e estradas pelo Brasil. As multas serão dadas às empresas transportadoras. Em uma coletiva de imprensa nesta manhã, após uma reunião de ministros e do gabinete de crise com o presidente Michel Temer, Marun também afirmou que a Polícia Federal tem investigado casos de empresas suspeitas de esquema e aproveitamento durante a greve de caminhoneiros.
A suspeita é da prática de “lockout”, quando as empresas e empregadores impedem que seus funcionários trabalhem para evitar pagamento de salários ou para manter vantagens com a situação. Alegando que não pode dar detalhes sobre as investigações, Marun disse somente que há inquéritos em andamento, alguns já com base para pedido de prisão. “A Polícia Federal não pode oferecer mais detalhes. O que posso dizer é que já existem investigações preliminares, inquéritos, e alguns já trouxeram base sólida para que fossem solicitadas as prisões dos suspeitos”, disse. Marun fez um apelo para que os caminhoneiros voltem ao trabalho para garantir o abastecimento em todas as regiões do país.
Segundo ele, as termelétricas de Roraima foram abastecidas e as de Rondônia estão recebendo insumos. O ministro também disse que os aeroportos do Rio de Janeiro e São Paulo estão com operações normalizadas. “Temos ainda situações graves de desabastecimento, as quais pretendemos normalizar no dia de hoje”, sinalizou.
“O que preocupa o presidente Temer é a situação da saúde. Seus estoques são de minutos. Em função disso, já foi determinada a aplicação de multas a caminhões que estão com carga de material hospitalar e estão parados aderindo ao movimento”, informou. Ontem, o governo federal ordenou o uso de força militar para desbloquear as estradas do país onde os caminhoneiros estão de braços cruzados. A gestão Temer também prometeu usar motoristas próprios para levar cargas para os postos de abastecimento. Até o momento, com o apoio da polícia, 132 de 519 pontos de manifestação de caminhoneiros foram liberados. “O desbloqueio da estrada é positivo, mas a permanência na estrada não é solução”, disse Marun.
“O governo vai atuar utilizando motoristas que existem prestando serviços em vários dos órgãos, podemos, sim, abrir, a contratação de motoristas. Mas esse não é o objetivo nem a solução”, afirmou.
Este é o sexto dia de paralisação geral de motoristas de caminhões pelo Brasil, que entraram em greve em protesto ao aumento do preço do combustível. O governo chegou a um acordo com a maioria da categoria, mas algumas entidades rechaçaram a proposta e continuam em greve. A previsão era a de que, com o acordo, todas as áreas seriam reabastecidas até ontem, mas não foi o que ocorreu. O clima de apreensão domina todo o Brasil, com filas em postos de gasolina, supermercados colocando regras de racionamento para compra de produtos, voos cancelados, aulas suspensas e hospitais sem materiais para atendimento e cirurgias. (ANSA)