Governistas veem em taxação de Trump ‘sorte’ para reverter crises

Aliados de Lula avaliam que medida tomada pelos Estados Unidos impactam diretamente os bolsonaristas e querem usar tema para desgastar oposição

Lula e Trump
Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (à esquerda), e Donald Trump Foto: Montagem/IstoE

A taxação de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil pode gerar um efeito reverso do que o americano esperava, avaliam lideranças do PT e do Centrão. Para eles, a decisão de Trump pode ser um solavanco para reverter a crise nos bastidores do Palácio do Planalto.

Na avaliação de aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a medida tomada pela Casa Branca alimentou a revolta de congressistas, que devem endossar o discurso do Planalto de reciprocidade. Eles reforçam o argumento de que o Congresso já aprovou um texto que autoriza o governo a aplicar tarifas recíprocas a outros países.

Trump anunciou a taxação sobre o Brasil em uma carta enviada à Lula na quarta-feira, 9. A diplomacia brasileira já informou o governo norte-americano que devolverá o documento. O petista criticou a medida, disse que o país é soberano e anunciou a mesma taxação sobre produtos dos EUA.

A medida incomodou as principais lideranças do Congresso. E o alvo, por óbvio, foram os bolsonaristas. Petistas e parlamentares do Centrão afirmam que a medida imposta por Trump e os impactos que podem gerar no Brasil poderá enfraquecer o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos na tentativa de conseguir sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Há ainda a análise de que a carta enviada pela Casa Branca tem teor político, mas não para defender o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Mesmo que Bolsonaro seja citado e que Trump critique o julgamento contra ele – acusado de tentativa de golpe de Estado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) – no STF, o avanço dos ataques norte-americano sobre o Brasil aconteceu após a reunião da cúpula dos Brics, em que o bloco criticou acintosamente, mesmo sem citar o governo americano, a guerra comercial protagonizada pelos Estados Unidos.