A decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), de entregar a relatoria do PL Antifacções para o deputado federal Guilherme Derrite (Progressistas-SP) dividiu parte da bancada governista no Salão Verde. Enquanto uns criticaram a decisão, outros avaliam que a entrega do projeto para o adversário não afetará o Palácio do Planalto.
O projeto foi elaborado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública e entregue pelo governo à Câmara na semana passada em resposta a operação da Polícia do Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho (CV) na semana passada. A ação deixou 121 mortos, sendo a mais letal na história do estado. Nesta sexta-feira, 7, Motta confirmou que Derrite será o relator do projeto na Casa. Derrite é secretário de Segurança Pública do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), um dos candidatos para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa pelo Planalto em 2026. Mesmo assim, um líder influente do governo na Câmara avalia não haver impactos a base aliada e ao texto com Guilherme Derrite no comando. O parlamentar ainda garante a aprovação do relatório, desde que não seja desfigurado.
A nomeação, porém, não agradou a todos os petistas. Dois deputados governistas criticaram a decisão de Motta, que classificaram como absurda. Um deles chegou a afirmou que o anúncio é uma “verdadeira provocação” do presidente da Casa ao governo. Líder do PT no Salão Verde, o deputado Lindbergh Farias (RJ) também criticou a nomeação, classificando como “desrespeito” a Lula. “A escolha feita pelo presidente Hugo Motta é um desrespeito com o presidente Lula. O projeto de lei antifacção é uma prioridade do governo Lula e colocar nas mãos do secretário de segurança do governador Tarcísio beira uma provocação”, afirmou.
A escolha feita pelo presidente Hugo Motta é um desrespeito com o presidente Lula. O projeto de lei antifacção é uma prioridade do governo Lula e colocar nas mãos do secretário de segurança do governador Tarcísio beira uma provocação. Parece um interesse deliberado de não aprovar…
— Lindbergh Farias (@lindberghfarias) November 7, 2025
Antes de assumir o PL Antifacções, Derrite relatava o projeto que classificava organizações criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) como terroristas. Nos últimos dias, o governo articulou com Motta para travar a proposta na Casa. O texto ainda está parado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.