Carlos Magno

Foram tão somente dez flexões, número que não significa nenhuma proeza, e o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, deu ordem para todos que o seguiam no exercício colocarem-se de pé – ele ergueu-se com um pulo. O fato ocorreu na semana passada durante a troca de comando do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (Bope), que passa agora às ordens do tenente-coronel Maurílio Nunes da Conceição (o governador ganhou de presente um quadro com o seu rosto feito de balas de fuzil). O episódio foi lamentável para um estado escangalhado pela corrupção de antigos governantes e pela atuação de traficantes e milicianos. Brincadeira fora de hora quando o momento exige muito trabalho e não muito marketing. Deixemos agora a exibição do vigor físico (dez flexões!) e vamos a uma fala de Witzel. Ele declarou que a execução da vereadora Marielle Franco, que na segunda-feira 14 completou dez meses sem que as autoridades a tenham elucidado, guarda a possibilidade de apresentação de um “resultado parcial dos trabalhos”. É preciso lembrar dois fatos: 1) Marielle não está morta parcialmente, mas, sim, por inteiro; 2) há mais de 300 dias a polícia civil investiga e até a quarta-feira não colocara mandantes e executores na cadeia.

VENEZUELA
“Eu sou o presidente”

FEDERICO PARRA

Uma certeza: se Nicolás Maduro for embora, a Venezuela viverá melhor. Uma dúvida: se em seu lugar assumir o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, as coisas melhorarão? O temor veio porque Guaidó se declarou presidente do país, tendo a Venezuela um presidente, que é Maduro. Sim, Maduro é ilegítimo, trapaceou nas urnas que o reconduziram ao cargo e deve ser preso. Mas ao declarar vaga a presidência e se autointitular primeiro mandatário, Guaidó (foto) também está trapaceando. Vimos isso no Brasil em 1964: Auro Moura Andrade declarou vago o cargo de presidente, embora João Goulart estivesse no País. Deu no que deu: vinte e um anos de ditadura, não de Auro, mas de militares.

CORRUPÇÃO
O Museu do Trabalhador e a ociosidade de Luiz Marinho

O MUSEU DE MARINHO A justiça vê na construção do prédio um “procedimento totalmente hederodoxo” (Crédito:Divulgação)

O Museu do Trabalhador pode ter sido o templo da ociosidade do petista Luiz Marinho, ex-prefeito de São Bernardo do Campo, cidade do ABC paulista. Pode ter sido, também, o seu cofre da corrupção. É disso que suspeita a Justiça Federal em ação civil de improbidade administrativa. E esse é o motivo pelo qual ela ordenou o bloqueio conjunto de R$ 76,1 milhões de Marinho (foto) e de mais quinze réus no mesmo processo. Segundo o juiz Carlos Alberto Loverra, há “fortíssimas evidências” de “procedimento totalmente heterodoxo” de licitação para a edificação do Museu do Trabalhador na época em que Marinho ocupou a Prefeitura.

Paulo Lopes/Futura Press

Pezão e cabral

A pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 31 milhões de Luiz Fernando Pezão e de R$ 33 milhões de Sérgio Cabral. Ambos são ex-governadores do Rio de Janeiro. Ambos estão presos por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Cabral já está condenado a mais de um século de reclusão.

MEIO AMBIENTE
Quentes mares, quente Terra

ultramarinfoto

Um dos mais graves sinais de que a Terra vem sendo afetada por profundas e constantes mudanças climáticas é o fato de os oceanos estarem aquecendo em ritmo maior do que os pesquisadores projetaram. A afirmação foi feita por cientistas americanos e chineses em estudo publicado na semana passada pela conceituada revista “Science”. eles se basearam em dados coletados por cerca de quatro mil robôs flutuantes espalhados por todo o mundo (os mares absorvem 93% do excesso de calor). Estima-se que a temperatura dos primeiros dois mil metros de profundidade subirá 0,78 graus Celsius até o final do século.

EUA
Banquete do hambúrguer

SAUL LOEB

O quadro de Abraham Lincoln, fundador do Partido Republicano e um dos maiores presidentes que os EUA já tiveram, quase despencou da parede. Candelabros se retorceram, bandejas de prata voaram. Filme de terror? Não. Com a economia paralisada devido ao impasse do Orçamento, Donald Trump inovou na Casa Branca na recepção aos jogadores do Clemson Tigers, campeões da liga universitária de futebol americano. “Paguei do meu bolso. Pedi mil hambúrgueres”, disse-lhes o presidente. Foi o jantar engalanado do fast-food.

LIVROS
A culpa de Brigitte Bardot

AP Photo/Jacques Brinon

Ex-sex symbol e uma das maiores atrizes do cinema francês em todos os tempos, Brigitte Bardot (imortalizada no filme “E Deus criou a mulher”) abandonou a carreira em 1973. Desde então a sua vida tem sido a luta pela defesa dos animais. Agora, aos 84 anos, ela acaba de publicar mais um livro sobre o tema. Na obra, intitulada “Lágrimas de combate”, Brigitte avalia as décadas que se dedica a essa causa. E deixa transparecer com relativa clareza que seu amor aos bichos é uma forma de compensar o sentimento de culpa pelo tanto que ficou distante de seu filho enquanto vivia no auge da carreira (ele se chama Nicolas e atualmente tem 58 anos).