O Google destacará em seu mecanismo de pesquisa os trabalhos jornalísticos originais e que envolvam um trabalho de investigação – anunciou o gigante americano da Internet, uma mudança que o forçará a modificar seu famoso algoritmo.

O vice-presidente da Google encarregado da informação, Richard Gingras, explicou em um blog que serão destacadas as fontes originais de uma notícia, ou as notas, cuja produção tenha exigido muito trabalho.

Os artigos que apresentem “um trabalho de pesquisa original e exaustivo” receberão a nota mais alta atribuída por seu painel de consultores, escreveu nesta quinta.

Os membros desse painel – cerca de 10.000 pessoas, cuja opinião ajuda o Google a configurar seu algoritmo – estabelecerão a reputação de um veículo em termos de criação de reportagens e conteúdos originais. Destaca-se, por exemplo, os que receberam o prestigioso Prêmio Pulitzer.

Os meios de comunicação acusam o Google e seu misterioso algoritmo, que classifica os conteúdos em seu motor de busca, de pôr em destaque os chamados “clickbait”. Informações atrativas, mas nem sempre confiáveis, elas chamam a atenção dos internautas, em detrimento de artigos sérios e originais.

“A reportagem que está na origem de uma informação nem sempre fica em destaque durante muito tempo. Muitos artigos, pesquisas, entrevistas exclusivas e outros trabalhos podem ser notáveis a ponto de serem retomados por outras publicações”, o que cria confusão na hora de encontrar a fonte original da informação, disse Gingras.

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Com as mudanças empreendidas pela Google, os artigos originais permanecerão mais tempo em uma posição “muito visível”, indicou.

Segundo Richard Gingras, a companhia adaptará seu critério à medida que entender melhor “o ciclo de vida de uma informação”, já que a definição de um artigo original não está claramente estabelecida.

Ao retomar em seus meios informações exclusivas, algumas publicações privam as fontes originais de visitas em seus sites e, portanto, de receitas publicitárias.

Como era de se esperar, o anúncio da Google foi bem recebido nos meios de comunicação.

“Os resultados das buscas do Google não recompensaram os investimentos em jornalismo. Se pudermos chegar a um modelo em que eles façam isso melhor, será bom”, disse ao jornal The New York Times David Chavern, o dirigente da News Media Alliance, que representa a imprensa americana.

“O Google vai modificar seu algoritmo para destacar os artigos originais. Que bom! Como vão fazer isso? Com uma tecnologia genial chamada ‘humanos'”, brincou no Twitter o chefe de redação do portal Wired, Nicholas Thompson.

“É uma boa notícia, mas me pergunto se não haverá consequências negativas. Essa medida favorece as grandes organizações com equipes integradas por jornalistas investigativos. Isso não vai agravar o desequilíbrio econômico entre meios nacionais e meios locais/especializados?”, questionou Gideon Lichfield, da MIT Technology Review.


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