Bolsonaro não quer eleições no ano que vem. Ponto. O patético desfile dos tanques na Praça dos Três Poderes foi mais um recado nesse sentido. A bravata em torno do voto impresso, contudo, foi apenas uma cortina de fumaça para mobilizar suas tropas de insanos contra a democracia. O que ele quer mesmo é se perpetuar no poder, “fora das quatro linhas da Constituição”, como já disse. Essa postura golpista faz parte da sua genética fascista. Sempre enalteceu o golpe de 1964 e jactou-se dos métodos nazistas dos militares torturadores como o coronel Brilhante Ustra. Não deseja o regime democrático, com alternância no poder, com os partidos funcionando sem o toma lá dá cá, com a Justiça operando institucionalmente e com a imprensa livre. Por isso, ele e seus seguidores fanáticos defendem o fechamento do Congresso, do STF e a asfixia dos veículos de comunicação independentes.

Como já concluiu que não se reelegerá — basta ver que sua rejeição nas pesquisas é de 59% —, o mandatário quer virar a mesa já, sem esperar que o fracasso se consolide em 2022. Não quer repetir Trump, que só mandou invadir o Capitólio depois da derrota consolidada. Por isso, cria um clima de terror para vender a ideia de que as eleições serão roubadas para favorecer a oposição e tenta, assim, melar o processo eleitoral antes mesmo de os brasileiros irem às urnas.

A democracia é ameaçada por um grupo de tresloucados, sob a liderança de um ex-capitão, que foi expulso do Exército por indisciplina e que agora deseja nos fazer retroceder

Mas o mandatário sabe que não dará o golpe só com o grupelho que o acompanha nas motociatas inspiradas em Mussolini. Sabe que não bastará um cabo e um soldado para fechar o STF, como pregou o filho 03. Essa meia dúzia de gatos pingados não será suficiente para inviabilizar a democracia. O mundo mudou. Em 1964, os americanos apoiaram os militares, mas, hoje, Biden reagiria e o Brasil sofreria bloqueios comerciais sufocantes. Por sorte, poucos estão dispostos a segui-lo nessa missão obscurantista.

Só quem viveu a ditadura de 1964 sabe o que uma volta ao passado representa. Milhares de pessoas foram presas, mortas, torturadas e banidas do País. Depois de muita luta, os brasileiros retomaram o regime democrático, tudo pactuado na Constituição de 1988. De lá para cá, vivemos anos de normalidade institucional. Os avanços são agora ameaçados por esse grupo de tresloucados, sob a liderança de um ex-capitão, que até do Exército foi expulso por indisciplina, e que agora deseja nos fazer retroceder aos anos de chumbo. Não passarão. O impeachment seria uma boa solução.