Na segunda-feira (27), uma câmera de segurança da farmácia de João do Rosário Leão, de 63 anos, registrou o momento em que o servidor municipal Felipe Gabriel Jardim entrou no estabelecimento e o matou a tiros. A filha do idoso Kênnia Yanka Leão relatou que a sua mãe pediu para que ela terminasse o namoro com o rapaz após saber do seu histórico violento, mas a mulher não conseguiu porque tinha medo dele. O crime aconteceu na avenida T-4, no Setor Bueno, em Goiânia (GO). As informações são do G1.

“Minha mãe sentia. Ela falava: ‘Por favor, minha filha, larga esse homem’. Só que eu não conseguia porque tinha medo dele”, disse Yanka.

Ela informou que namorava com Felipe havia um ano e ele apresentou comportamento agressivo desde o início. Inclusive, ela gravou o momento em que foi ameaçada por ele 15 dias antes do assassinato do seu pai.

Na gravação, Felipe disse: “Pode me denunciar, pode vir me matar que eu vou matar todo mundo antes disso. Eu mato todo mundo. Não estou nem aí. É melhor cada um no seu canto, sem mexer com ninguém, porque se mexer comigo um fio, eu mato seu filho, eu mato todo mundo”.

Felipe já possui registros de agressões feitos por uma ex-namorada. O processo segue em andamento e a audiência está marcada para outubro deste ano.

Relembre o crime

No sábado (25), o seu pai presenciou pela primeira vez uma atitude agressiva de Felipe contra ela. “O meu pai nunca tinha visto a cena, porque eu nunca contei para os meus pais. Ele começou a gritar comigo e meu pai falou ‘você não grita com ela não’. No que o meu pai falou, ele atirou pra cima e apontou a arma para o meu pai e eu fiquei na frente, ele ficou com a arma na minha cara.”
Depois disso, João denunciou Felipe por ameaça. Ao ter conhecimento da denúncia, o rapaz foi até a farmácia do sogro e o matou a tiros.

Depois de ter cometido o crime, Felipe Gabriel fugiu do local. João chegou a ser socorrido e levado para uma unidade de saúde que fica em frente à farmácia. Na sequência, ele foi transferido para o Hospital de Urgência de Goiânia (Hugo), onde já chegou em estado grave e não resistiu aos ferimentos.

Após o assassinato, Felipe ligou para a namorada e informou que havia matado e pai dela e ressaltou que também iria matá-la.

“Ele me ligou cedo, quando soube (da ocorrência), e falou que ia matar o meu pai. Eu fui correndo atrás do meu pai, mas ele não atendia. Eu peguei o carro e fui para lá, só que o pneu furou e eu não consegui. Quando eu desci para pedir ajuda, ele ligou para dizer que matou meu pai e ia atrás de mim”, disse Yanka.

Atirador esportivo

Felipe Gabriel possui registro de atirador esportivo e, por isso, tinha uma pistola em seu nome. Porém ele não tinha porte ou posse de arma. O que significa que ele só poderia manusear a arma em situações específicas como, por exemplo, estantes de tiros e competições esportivas.

“A gente soube, no entanto, que ele usava essa arma frequentemente, sacando em discussões com a namorada, em brigas de trânsito”, informou o delegado Rhaniel Alemida.

Exoneração

Na semana passada, Felipe Gabriel havia sido nomeado para o cargo comissionado de gerente de sinalização na Secretaria Municipal de Mobilidade de Goiânia. Após o crime, a pasta lamentou em nota a morte de João e informou que o servidor deve ser exonerado.

A família contou que João do Rosário Leão era policial civil aposentado.

A Polícia Civil informou, por meio de nota, que a Delegacia de Investigação de Homicídios (DIH) instaurou um inquérito para apurar o crime. Também ressaltou que segue à procura de Felipe Gabriel.

Por fim, a corporação lamentou a morte do policial aposentado. “Neste momento de dor, a Polícia Civil se solidariza com todos os amigos e familiares por esta perda e reitera seu compromisso na investigação e resolução do crime praticado contra o policial.”