O grupo de jornalistas estrangeiros que criou o Globo de Ouro e recentemente esteve envolvido em um escândalo está se dissolvendo agora que os prêmios passam para as mãos de investidores privados, como o bilionário americano Todd Boelhy, conforme anunciado nesta segunda-feira (12).

A Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA, na sigla em inglês), composta por cerca de cem escritores de entretenimento ligados a publicações internacionais, tem concedido os Globos de Ouro a estrelas do cinema e da televisão há oito décadas.

No entanto, acusações de corrupção, racismo e práticas antiéticas levaram a um boicote contra a associação e os prêmios no ano passado, bem como a um chamado por mudanças.

“Este dia é um marco significativo na evolução do Globo de Ouro”, disse Boehly, cuja empresa Eldridge se associou à Penske Media Corporation para chegar a um acordo.

A mudança de controle “resultará no fim da HFPA e de seu grupo de membros”, afirmou um comunicado conjunto.

Não foi anunciado um cronograma para a dissolução da HFPA, mas nos últimos anos o grupo responsável por votar nos Globos de Ouro se expandiu e diversificou sua composição.

Atualmente, uma mistura de membros da HFPA e escritores de entretenimento que não são membros da associação escolhem os vencedores.

Após a dissolução do grupo, seus recursos serão utilizados para criar uma organização sem fins lucrativos focada em eventos de caridade relacionados ao entretenimento.

Isso inclui pelo menos 44 dos 48 milhões de dólares (215 dos 234 milhões de reais) que a associação receberá pela venda dos Globos de Ouro, de acordo com uma carta do procurador-geral da Califórnia à qual a AFP teve acesso.

O Globo de Ouro foi originalmente criado por correspondentes estrangeiros baseados em Los Angeles que cobriam a indústria do entretenimento nos anos 1940.

Na década de 1990, os organizadores acumularam muito poder em Hollywood devido a acordos lucrativos para a transmissão televisiva da cerimônia, que é repleta de estrelas.

Porém, em 2021, uma reportagem do Los Angeles Times revelou que a HFPA não possuía membros negros, além de realizar práticas questionáveis. No ano seguinte, a rede americana NBC retirou o programa do ar.

A cerimônia retornou à televisão este ano, após mudanças, mas a audiência caiu para um recorde de 6,3 milhões de telespectadores, e vários dos ganhadores mais importantes decidiram não comparecer.

Não há acordo para a transmissão televisiva da cerimônia do próximo ano, que está prevista para ocorrer em 7 de janeiro.

Boelhy também é presidente do clube de futebol Chelsea, da Premier League inglesa.

Sua empresa, Eldridge Industries, é proprietária da Dick Clark Productions, responsável pela transmissão do Globo de Ouro, e parte do Beverly Hilton Hotel, onde a cerimônia é realizada.

Ele também é proprietário minoritário de várias publicações de Hollywood, incluindo The Hollywood Reporter, e do estúdio de cinema independente A24, responsável por filmes premiados como “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” e “A Baleia”.

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