Sem tapete vermelho, ou mesa com bebidas, mas sempre com vários prêmios: a cerimônia do Globo de Ouro será virtual no domingo (28), devido à pandemia, mas não impedirá que Hollywood celebre seus cineastas e preste uma homenagem póstuma a um ator querido.

A festa, que também tem categorias para as produções de TV, abre a temporada de prêmios da indústria cinematográfica em um formato híbrido, com apresentadoras nas duas costas dos Estados Unidos e estrelas em casa.

Como acontece todos os anos, as cobiçadas estatuetas da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA, na sigla em inglês) podem reforçar, ou prejudicar, as ambições dos filmes que almejam o prêmio máximo da indústria: o Oscar, que terá sua cerimônia em 25 de abril.

Este ano, “Os 7 de Chicago”, um drama de Aaron Sorkin sobre a repressão às manifestações contra a guerra do Vietnã em 1968, e “Nomadland”, o retrato de Chloe Zhao sobre nômades que percorrem o oeste dos Estados Unidos em seus veículos, são considerados os favoritos por seus temas.

– Manifestantes e nômades –

“Se tivesse que fazer uma previsão, ‘Os 7 de Chicago’ está em boa posição”, disse Pete Hammond, analista da revista Deadline. “O filme capta o espírito da época, apesar de se passar há 50 anos. E tem um grande elenco”.

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“Nomadland” é protagonizado por Frances McDormand, vencedora de dois Oscar, e por vários atores não profissionais que realmente vivem na estrada, uma aposta ousada que pode vencer, segundo o jornalista da Variety Tim Gray.

“É a definição de um filme pequeno (…) um filme que fica com você”, disse.

Na categoria de melhor filme de drama, os dois estão na disputa com “Meu Pai”, no qual Anthony Hopkins interpreta um homem com demência, o thriller feminista “Bela Vingança”, e com “Mank”, a ode de David Fincher a “Cidadão Kane”, produção que recebeu o maior número de indicações: seis.

– Noite das diretoras –

Na categoria direção, Zhao é a favorita. Sua vitória seria histórica, pois ela seria a segunda mulher a triunfar e a primeira de ascendência asiática.

Barbra Streisand é até hoje a única mulher a vencer o Globo de Ouro de direção, pelo musical “Yentl” de 1984. Mas as coisas podem mudar: além de Zhao, outras duas cineastas foram indicadas: Emerald Fennell (“Bela Vingança”) e Regina King (“Uma Noite em Miami”).

“Este é um ano em que as mulheres têm filmes fortes. São boas notícias”, afirma Hammond. “Mas veremos como termina, pois David Fincher (Mank) e Aaron Sorkin (‘Os 7 de Chicago’), dois homens brancos, podem vencer”.

– “Difícil de resistir” –

Vários filmes com elencos predominantemente negros, incluindo “Uma Noite em Miami”, não foram indicados na categoria de filme dramático pelos 90 eleitores da HFPA, em sua maioria brancos.

Mas um astro afro-americano pode vencer na categoria de melhor ator: o falecido Chadwick Boseman.


Boseman, protagonista de “Pantera Negra”, que morreu vítima de câncer em agosto, foi indicado ao Globo de Ouro pelo papel de jovem trompetista em “A voz suprema do blues”.

“Este é seu melhor papel, e o pano de fundo é que ele sabia que poderia ser sua última interpretação. É algo difícil de resistir”, destaca Gray.

“Mas não é uma vitória garantida”, acrescenta, ao apontar Hopkins como um forte indicado.

– Nas duas costas –

Entre as atrizes, Carey Mulligan recebeu muitos elogios por “Bela Vingança”, no qual finge estar embriagada em bares para levar os homens a revelar sua misoginia. Mas ela tem rivais como McDormand e Viola Davis (“A voz suprema do blues”).

Ao contrário do Oscar, o Globo de Ouro divide a maioria das categorias entre filmes dramáticos e musicais, ou comédias. Neste segundo seguimento, os destaques são “Borat: fita de cinema seguinte”, de Sacha Baron Cohen, e “Hamilton”, a gravação da Disney+ do musical de sucesso.

Baron Cohen também foi indicado na categoria ator coadjuvante por “Os 7 de Chicago”.

E “Hamilton” tem no Globo de Ouro a melhor oportunidade de vencer um prêmio cinematográfico, depois que a Academia de Hollywood declarou que as gravações de espetáculos da Broadway não podem competir pelo Oscar.

Pela primeira vez em sua história, os prêmios do Globo de Ouro serão entregues em duas sedes.

No tradicional hotel de Beverly Hills, estará a atriz Amy Poehler como apresentadora, enquanto no Rainbow Room de Nova York a outra mestre de cerimônias, Tina Fey, aparecerá ao lado de celebridades como Michael Douglas e Catherine Zeta-Jones.

As estrelas, tanto indicados como convidados, terão de acompanhar o show de suas casas e aceitar os prêmios por videoconferência.


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