A polêmica dos diálogos do ex-juiz Sergio Moro com os procuradores de Curitiba já dura mais de um mês. E, depois de muita patacoada, qual foi o crime cometido no caso? Até agora, está claro que foi a invasão criminosa das conversas dos magistrados responsáveis pela maior ação de combate ao crime organizado no Brasil. Apesar desse ter sido o crime concreto no rumoroso caso, quem está sob investigação é o juiz que colocou os corruptos na cadeia. Uma inversão total de valores. O mais grave é que os malfeitores não dilapidaram apenas os cofres públicos, mas destruíram o futuro de milhares de crianças que ficaram sem escolas e hospitais por causa das verbas desviadas. E são esses inescrupulosos políticos que o americano Glenn Greewald e seus parceiros querem ver inocentados.

Lançam mão de milhares de diálogos, que podem ter sido editados ou adulterados, para corroborarem a tese de que o juiz agiu de má-fé. Apesar do magistrado não ter cometido nenhuma ilegalidade, da forma como as conversas são divulgadas dá-se a falsa impressão de que a Lava Jato foi ilegal e que os políticos condenados são inocentes. A primeira remessa de diálogos divulgada pelo “The Intercept Brasil”, aliás, foi usada apenas para justificar a volta à pauta do habeas corpus em favor de Lula, que tinha como pano de fundo a suposta suspeição de Moro na condenação do petista no caso do tríplex do Guarujá.

Essa parece ser a única motivação de Glenn: libertar Lula e aniquilar a Lava Jato. Como os diálogos do seu site não tiveram força para soltar o corrupto líder petista, o americano terceirizou os diálogos para a “Folha” e depois para a “Veja”. O tom dos vazamentos, contudo, continuou na mesma balada: o “malvado” juiz teria se aliado aos procuradores para condenar os “inocentes” petistas.

Basta ver o festival de besteiras composto pelo recente pacote de 600 mil diálogos de Moro, segundo a revista semanal. O ex-juiz aparece pedindo para que os procuradores incluíssem um documento contra o contraventor Zwi Skornicki, mas ele foi inocentado por Moro nesse caso.

A revista diz ainda que o ex-juiz não desejava que o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, fizesse delação. Ora, Cunha iria delatar pessoas com foro especial e, diante disso, o processo teria que passar obrigatoriamente pela PGR e pelo STF. O assunto nunca esteve na mesa de Moro. É um absurdo atrás do outro.

Ao fim e ao cabo, o que vemos é a velha divisão política do País: uma parte torcendo para os bandidos e a outra imensa maioria se aliando aos mocinhos.

Ao fim e ao cabo, o que vemos é a velha divisão do País: uma parte torcendo para os bandidos e a outra imensa maioria se aliando aos mocinhos