Gleisi diz que Tarcísio ‘não tem condições’ de ser presidente

A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), afirmou nesta sexta-feira, 5, que o governo vai trabalhar para derrubar o pedido de urgência da anistia aos condenados pelos atos de 8 de Janeiro na Câmara. Segundo ela, a posição do Executivo é que não se pode haver perdão aos golpistas em nenhum caso, seja para os líderes intelectuais quanto para quem depredou os prédios públicos.

“Sequer estamos cogitando que esse projeto seja votado, ainda tem o decreto de regime de urgência que deve ser analisado. Espero que a urgência seja derrotada, e nós vamos trabalhar para isso”, disse a ministra da SRI, em entrevista à GloboNews.

A ministra afirmou também que a discussão da anistia, durante o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados próximos por tentativa de golpe, é uma afronta ao Supremo Tribunal Federal (STF), além de uma afronta à soberania.

Gleisi, porém, destacou que acredita que o texto não deve ser votado. Ela disse que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) a comunicou afirmando que ainda não foi definido a inclusão da proposta na pauta da Câmara. Pelo Senado, ela diz que o presidente Davi Alcolumbre (União-AP) já deu declarações sinalizando que não votará a anistia.

“O presidente Hugo me disse que tem nada definido por enquanto, e eu já vi as declarações do presidente Alcolumbre dizendo que não pautará uma matéria dessas no Senado”, declarou Gleisi.

Seguindo o mote do governo em creditar a articulação da anistia ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), Gleisi disse que ele está “capitaneando a extrema direita” ao pressionar o Congresso.

“Acho o papel dele (Tarcísio) lamentável, o governador de São Paulo se prestar a esse serviço. Um homem que veste o boné do Trump, um homem que defende o tarifaço e que nós devemos dar um presente para o presidente dos Estados Unidos e vem para cima do Congresso articular anistia, porque tem interesse no apoio e votos do Bolsonaro. Realmente, é uma pessoa muito fraca, não vejo com condições de ser presidente do País”, afirmou Gleisi para a Globo News.

Nesta quinta-feira, nas redes sociais, o governador firmou que anistia e perdão são “melhores remédios para pacificar o País”. Governador esteve em Brasília na última seman para articular a provação de um projeto que beneficie o ex-presidente Jair Bolsonaro e participará de ato pela anistia no próximo domingo, 7, na Avenida Paulista.

Ministra diz que Lira integra a base do governo

Na entrevista, a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), afirmou que o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) integra a base do governo na Câmara. Ela também elogiou o relatório de Lira sobre o projeto de isenção de quem ganha até R$ 5 mil do imposto de renda.

Gleisi foi questionada pela conversa entre Lira e a base aliada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a aprovação de um projeto de anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de Janeiro. Um dia antes do início do julgamento pela tentativa de golpe, Bolsonaro recebeu Lira na residência dele, onde cumpre prisão domiciliar.

“Não conversamos com ele sobre anistia, mas também acredito que, pela posição do deputado Arthur Lira que, inclusive, integra a base do governo, não teria a posição de ir contra o governo nesta matéria”, declarou Gleisi à Globo News.