O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) registrou um boletim de ocorrência na 5ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal depois de ter sido retirado à força da cadeira da presidência no plenário da Câmara dos Deputados, na noite de terça-feira, 9.
Ao lado das deputadas Célia Xakriabá (PSOL-MG) e Sâmia Bomfim (PSOL-RJ), sua esposa, Glauber afirmou que também pretende acionar a PGR (Procuradoria-Geral da República). Segundo Sâmia, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara vai fazer a representação.
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Devido às supostas agressões contra duas mulheres, o Ministério das Mulheres deve ser procurado. A deputada Célia Xakriabá criticou o fato de não ter tido policiais mulheres durante a abordagem e relatou que torceu o pé e perdeu os sapatos enquanto era retirada da mesa diretora. A parlamentar precisou de cadeira de rodas por causa da dificuldade de andar.
Após o registro do boletim de ocorrência, os parlamentares fizeram exames de corpo de delito para comprovar eventuais ferimentos causados pela Polícia Legislativa.
Na delegacia, os três deputados afirmaram que, segundo agentes da Polícia Legislativa, a ordem para a retirada de Glauber da cadeira da presidência partiu do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara.
“Quando a extrema direita sequestrou a Mesa [local onde se administra a sessão] foram mais de 40 horas de negociação. Agora, existia uma orientação imediata pra que PL agisse com truculência”, disse Glauber.
Retirado à força
O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) criticou o presidente da Câmara dos Deputados depois de ter sido retirado à força da cadeira da presidência no plenário da Casa e declarou que “com golpistas, sobrou docilidade”, em referência aos parlamentares que ocuparam a mesa diretora por dois dias em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em agosto.
O psolista ocupou a cadeira da presidência em ato de contestação à decisão do presidente da Casa, Hugo Motta, de levar à votação o processo de cassação contra o parlamentar e o PL da dosimetria.
Sentado na Mesa Diretora, Glauber declarou que permaneceria no local “até o limite das minhas forças”. Policiais legislativos, deputados e o secretário-geral da Mesa, Lucas Ribeiro Almeida Júnior, solicitaram que ele deixasse o assento, mas o pedido não foi atendido.
Diante da permanência do parlamentar, policiais legislativos determinaram a retirada de jornalistas e assessores do plenário, autorizando a presença apenas de deputados. O sinal da transmissão da TV Câmara também foi cortado após a ocupação da cadeira.
Em entrevista coletiva após o ocorrido, o deputado disse que “a única coisa que eu pedi ao presidente da Câmara, Hugo Motta, foi que ele tivesse 1% do tratamento para comigo que teve com aqueles que sequestraram a mesa diretora da Câmara por 48 horas por dois dias em associação com um deputado que está nos Estados Unidos conspirando contra o nosso país”.
Por meio de uma publicação no X, Hugo Motta disse que o deputado desrespeitou a Câmara e o Poder Legislativo ao ocupar a cadeira da presidência da Casa. “Inclusive de forma reincidente, pois já havia ocupado uma comissão em greve de fome por mais de uma semana”.
Motta ressaltou que “o grupamento que se diz defensor da democracia, mas agride o funcionamento das instituições, vive da mesma lógica dos extremistas que tanto critica”. E também afirmou que pretende determinar uma apuração “de possíveis excessos em relação à cobertura da imprensa”.
A crise ocorreu na primeira parte da sessão do dia, que deve votar não apenas a cassação de Glauber Braga por quebra de decoro parlamentar – em 2024, ele expulsou da Câmara um integrante do MBL a chutes e pontapés – mas também o PL da dosimetria, que prevê a revisão e possível redução de penas aplicadas a investigados e condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro, incluindo Jair Bolsonaro (PL).
A TV Câmara cortou o sinal às 17h34, mesmo horário em que a imprensa começou a ser retirada do plenário e impedida de acompanhar a movimentação.
No momento em que o deputado Glauber ocupou a mesa, os parlamentares estavam na primeira fase da sessão da Câmara, que pode votar ainda nesta terça um projeto que reduz a pena de Jair Bolsonaro (PL) e outros condenados pela tentativa de golpe.