O Peru, onde se concentram 68% dos glaciares tropicais do mundo, perdeu 56% destes ecossistemas frágeis, o que originou a formação de novas lagoas, informou o Ministério do Ambiente nesta quinta-feira (23).

“Segundo os resultados do [último] inventário, desde 1962 os Andes peruanos perderam 1.348 km² de superfície glaciar, o que representa 56% de perda”, informou o Instituto Nacional de Pesquisas em Glaciares e Ecossistemas, organismo subordinado ao ministério.

Ancash (norte), uma das joias do turismo de montanha no Peru, é um dos locais mais afetados, com mais de 50% de sua superfície derretida pelo aquecimento global.

“Este processo origina a formação de novas lagoas”, acrescentou o documento.

Segundo o inventário, existem no Peru um total de 2.084 glaciares livres e cobertos por detritos de rochas, que ocupam uma superfície de 1.050 km².

“Os glaciares tropicais têm grande importância e interesse porque são indicadores excelentes e muito sensíveis das mudanças climáticas”, segundo o Instituto.

O relatório enumerou 8.466 lagoas de origem glaciar, que representam uma superfície total de 1.081 km².

Estas lagoas são depósitos de água formados como resultado de uma deglaciação recente ou antiga. Formam-se perto da borda dos glaciares ou em depressões descobertas de gelo.

“É uma realidade das mudanças climáticas”, afirmou a ministra do Ambiente Albina Ruiz.

Ela pediu que haja menos contaminação, para cuidar das montanhas, evitar incêndios e semear mais áreas verdes para reduzir a velocidade com que os glaciares desaparecem.

O inventário foi realizado em 20 cordilheiras glaciares distribuídas em 14 dos 25 departamentos (estados) do Peru.

O país tem a cadeia de montanhas tropicais de maior superfície, 71% dos glaciares tropicais do mundo e 27 dos 32 climas do mundo, segundo a Autoridade Nacional da Água (ANA).

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