Giuseppe Conte, um advogado desconhecido que se tornou primeiro-ministro por acaso, tornou-se um político habilidoso que quer continuar governando a Itália.

Apelidado de “Dom Ninguém” quando foi nomeado chefe de Governo em junho de 2018, Conte, de 56 anos, é hoje um líder que brilha com luz própria no cenário político italiano.

Com uma popularidade de 73% de acordo com a última pesquisa do canal La7 e 56% segundo pesquisa da Ipsos, ele é considerado chave no cenário político por sua sobriedade, equilíbrio e capacidade de mediação.

O político que encarou no ano passado o primeiro surto de coronavírus na Europa, que teve que tomar decisões inéditas como confinar um país inteiro, e ainda sim mantendo sua popularidade, nunca se submeteu ao sufrágio popular.

O “advogado do povo”, que queria estar acima das disputas ideológicas e evitar qualquer ligação com partidos políticos, tem sido aliado tanto da Liga de Matteo Salvini, de extrema direita, quanto do Partido Democrático de centro-esquerda, com o qual governa desde meados de 2019.

– Estadista contrário aos soberanistas –

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Conte agora se apresenta como um estadista e apelou às forças “liberais”, “socialistas” e “pró-europeias”, contrárias às “tendências nacionalistas e soberanistas” para apoiá-lo.

Próximo ao movimento antissistema 5 Estrelas, foi um eleitor da esquerda durante toda a sua vida.

Candidato em 2018 a primeiro-ministro, foi informado da nomeação enquanto lecionava na Universidade de Florença. No dia seguinte, fez o juramento e uma semana depois representou a Itália na mesa do G7 no Canadá, demonstrando sua ductilidade.

Nascido em 1964 em Volturara Appula, uma pequena cidade de apenas 500 habitantes na Apúlia, sul da Itália, Conte estudou direito em Roma, onde obteve o título de mestre em 1988. Ele é o primeiro chefe de Governo do sul da Itália em quase 30 anos.

O professor universitário, que acostumou os italianos a uma linguagem comedida, rompeu com o populista Salvini em 2019 com um discurso memorável, no qual criticou a tendência autoritária de seu aliado de extrema direita, sua “obsessão” com a imigração, além de uso impróprio de símbolos religiosos e desobediência das regras.

O advogado, que desde então lidera a coalizão entre o Movimento 5 Estrelas e o PD, batizou o governo de “Conte bis”, lidou com a maior emergência sanitária da história recente, razões pelas quais poderia fundar seu próprio partido, que teria 14 % dos votos, segundo analistas, sendo referência para os italianos em tempos difíceis.

Professor nas universidades da Sardenha, Roma, Florença e Malta, trabalhou como professor de direito privado em Florença, mantendo a sua atividade num escritório de advocacia na capital.

Foi também membro do Conselho de Administração da Agência Espacial Italiana, consultor jurídico da Câmara de Comércio de Roma e membro do conselho de supervisão de várias companhias de seguros em quebra.

Separado, tem um filho adolescente com quem compartilha sua paixão pelo futebol. Raramente aparece em público com sua nova companheira.


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