Gisèle Pelicot recebe a mais alta honraria da França

"EmPelicot, que insistiu que o julgamento do seu caso fosse público, ajudou a impulsionar reformas nas leis de estupro da França e se tornou um símbolo da luta feminista.A francesa Gisèle Pelicot, que se tornou um símbolo mundial da luta feminista com o julgamento de seus estupradores, em 2024, está entre as 589 pessoas agraciadas com a Ordem Nacional da Legião de Honra, a ordem máxima da França, como publicado no Diário Oficial francês neste domingo (13/07).

De acordo com o Diário Oficial, Pelicot, de 72 anos, será nomeada ao posto de cavaleiro, o primeiro dos três graus da condecoração criada por Napoleão Bonaparte em 1802.

A septuagenária, anônima até o julgamento do seu caso, sofreu dezenas de estupros ao longo de uma década cometidos por seu ex-marido, que a sedava para isso, e por pelo menos 50 homens que ele recrutou pela internet.

Pelicot rejeitou que o julgamento no sudeste da França, entre setembro e dezembro de 2024, fosse realizado a portas fechadas, exigindo que ele fosse público, para que a "vergonha mudasse de lado" e não recaísse mais sobre os ombros das vítimas de estupro.

Seu ex-marido, Dominique Pelicot, foi condenado em dezembro passado a 20 anos de prisão e não recorreu. Os demais 50 réus, a maioria dos quais foi considerada culpada de estupro e que tinham entre 27 e 74 anos, foram condenados a penas que variam de três anos de prisão, dois dos quais suspensos, a 15 anos de prisão. Alguns deles recorreram.

Pelicot foi elogiada por ajudar a impulsionar reformas nas leis de estupro da França. Após o julgamento, o Senado francês aprovou um projeto de lei que inclui a falta de consentimento na definição criminal de estupro no país.

Em sua declaração final no julgamento dos 51 homens acusados de estuprá-la, Pelicot declarou: "É hora de a sociedade machista e patriarcal que banaliza o estupro mudar. É hora de mudarmos a maneira como vemos o estupro".

Pelicot foi nomeada uma das cem pessoas mais influentes de 2025 pela revista americana Time em meados de abril e publicará suas memórias em 27 de janeiro de 2026, em 20 idiomas.

as/cn (AFP, Efe)