Coluna: Guilherme Amado, do PlatôBR

Carioca, Amado passou por várias publicações, como Correio Braziliense, O Globo, Veja, Época, Extra e Metrópoles. Em 2022, ele publicou o livro “Sem máscara — o governo Bolsonaro e a aposta pelo caos” (Companhia das Letras).

Gilmar suspende julgamento que pode abrir caminho de contas da Odebrecht na Europa

Gilmar Mendes pediu vista em julgamento da Segunda Turma que analisa recurso de Paulo Gonet contra decisão de Dias Toffoli

Fellipe Sampaio /STF
Decano do STF, ministro Gilmar Mendes Foto: Fellipe Sampaio /STF

Gilmar Mendes pediu vista e suspendeu no STF um julgamento em que a PGR tenta reabrir caminhos para que o Ministério Público Federal (MPF) possa cobrar da Odebrecht dados sobre contas da empreiteira no principado europeu de Andorra.

O caso tem como ponto central um pedido do MPF do Paraná à Novonor, como se chama atualmente a Odebrecht, por informações sobre contas da companhia no Banco Privado de Andorra (BPA), um principado entre a França e a Espanha.

Com esses dados, a Procuradoria da República no Paraná pretendia mapear contas vinculadas a duas offshores da empresa, a Lodore Foundation e a Klienfeld Services. Segundo o MPF, havia “indícios suficientes” de que elas teriam sido usadas para movimentar dinheiro sujo e pagar propina a políticos e autoridades.

Em junho de 2024, atendendo a um pedido da empreiteira, no entanto, Dias Toffoli considerou que os dados sobre as contas no principado envolviam provas já anuladas pelo STF, como os sistemas Drousys e MyWebDay, usados pela empreiteira para administrar pagamentos ilícitos. Em razão da decisão do ministro, o procedimento administrativo por meio do qual o MPF cobrava os dados da Odebrecht foi arquivado.

Paulo Gonet contestou a decisão ainda em junho. Ele alegou que o pedido de informações à Odebrecht sobre as contas no principado europeu não tem relação com os sistemas invalidados pelo STF.

Dias Toffoli, contudo, engavetou esse recurso do PGR sem submetê-lo a julgamento colegiado. Em decisão em 6 de dezembro, o ministro apontou que, como o procedimento administrativo do MPF que cobrava dados da Odebrecht foi arquivado, não haveria mais o que analisar no caso. Gonet, então, recorreu dessa decisão de Toffoli. É esse recurso que estava sendo analisado na Segunda Turma do STF quando Gilmar Mendes pediu vista, nessa quinta-feira, 13.

Até a suspensão do julgamento, dois votos haviam sido dados no colegiado. Dias Toffoli manteve sua decisão de desconsiderar o recurso da PGR e Edson Fachin divergiu dele, defendendo que o pedido de Gonet seja admitido e julgado. Além de Toffoli, Fachin e Gilmar, também fazem parte da Segunda Turma Kassio Nunes Marques e André Mendonça.

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