Coluna: Guilherme Amado, do PlatôBR

Carioca, Amado passou por várias publicações, como Correio Braziliense, O Globo, Veja, Época, Extra e Metrópoles. Em 2022, ele publicou o livro “Sem máscara — o governo Bolsonaro e a aposta pelo caos” (Companhia das Letras).

Gilmar refuta Gonet e deixa Alckmin a um passo de ver caso Odebrecht encerrado

Gilmar Mendes seguiu voto de Dias Toffoli para encerrar ação contra Alckmin na Justiça de São Paulo por suposto caixa dois da Odebrecht

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Geraldo Alckmin está a um passo de ver definitivamente encerrada uma ação de improbidade administrativa contra ele na Justiça de São Paulo por suspeitas envolvendo a Odebrecht. Na retomada do julgamento da Segunda Turma do STF sobre o caso, nessa sexta-feira, 28, Gilmar Mendes seguiu o voto de Dias Toffoli e votou por trancar o processo. Com esses dois votos, o vice-presidente precisa de só mais um para ter maioria favorável no colegiado.

Gilmar, que havia suspendido o julgamento com um pedido de vista em dezembro, posicionou-se contra o recurso de Paulo Gonet que questionava a decisão monocrática de Toffoli de arquivar a ação de improbidade.

O processo contra Alckmin e outros cinco réus tramita na 13ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo. A ação trata de R$ 8,3 milhões da Odebrecht que teriam sido repassados via caixa dois à campanha de Alckmin ao governo de São Paulo em 2014, quando ele foi reeleito pelo PSDB. Segundo o Ministério Público, o tesoureiro da campanha, Marcos Monteiro, recebeu o dinheiro.

A decisão de Toffoli de encerrar o processo contra Alckmin e os outros acusados foi tomada em um pedido de Monteiro ao STF. Meses antes de arquivar o caso, o ministro havia determinado que as provas derivadas do acordo de leniência da Odebrecht fossem retiradas da ação de improbidade. Ele mandou a Justiça paulista informar se o caso poderia prosseguir sem esse material.

Em seguida, a juíza Luíza Barros Verotti, responsável pela ação na Justiça paulista, afirmou haver provas “imunes de contaminação” e decidiu pela continuidade do processo. Entre os elementos citados por ela estão planilhas de pagamentos e depoimentos de delatores. Toffoli, contudo, viu “presença de patente ilegalidade” no caso. Para ele, as provas citadas pela juíza Verotti também são inválidas e a ação deve ser encerrada.

Ao recorrer contra essa decisão do ministro, Paulo Gonet argumentou que não há “flagrante ilegalidade ou teratologia” na decisão da magistrada que motivassem a decisão de ofício de Toffoli para arquivar a ação. Para o PGR, o processo deveria seguir.

Até agora, no entanto, a tese de Gonet vai sendo derrotada por dois votos a zero. Em seu voto, Gilmar se alinhou ao entendimento de Toffoli. Para o ministro, a origem de todas as provas do processo contra Alckmin está nos sistemas Drousys e MyWebDay B, usados pela Odebrecht para gerenciar seu “departamento de propinas” e anulados pelo STF.

Restam os votos de Edson Fachin, Kassio Nunes Marques e André Mendonça no julgamento, que ocorre virtualmente na Segunda Turma até a próxima sexta-feira, 7. Caso um deles siga os votos de Toffoli e Gilmar, estará formada maioria para arquivar o processo contra Geraldo Alckmin.

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