28/11/2022 - 15:10
Depois que o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi derrotado nas urnas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no dia 30 de outubro, cresceu no País, e até fora dele, uma onda de desrespeito por parte dos apoiadores do atual mandatário. Infelizmente, tem se tornado corriqueiras as notícias de que pessoas foram hostilizadas por bolsonaristas.
O caso mais recente e emblemático até o momento foi o de um dos ícones da música brasileira Gilberto Gil, que foi hostilizado por apoiadores de Bolsonaro na estreia da seleção brasileira na Copa do Mundo do Catar, na última quinta-feira (24).
OFENSAS AO CANTOR BAIANO
Gilberto Gil é hostilizado por bolsonaristas na Copa do Mundo do Catar. Agressões verbais aconteceram na última quinta-feira, na vitória da Seleção Brasileira sobre a Sérvia por 2 a 0, em duelo válido pelo Grupo Ghttps://t.co/LZwea32Ez8 pic.twitter.com/lXkjB2OiJ9— Estado de Minas (@em_com) November 27, 2022
O cantor estava andando com a sua empresária e esposa, Flora Gil, e com os netos Francisco Gil e João Gil quando ouviu gritos de: “Vamos, Lei Rouanet”, “Vamos, Bolsonaro” e “Obrigado, filho da p***a”.
Assim que o caso ganhou repercussão, diversos artistas saíram em solidariedade a Gilberto Gil.
Política
No campo da política, o ex-candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) foi ofendido no domingo (27) por uma mulher bolsonarista enquanto estava na fila de embarque de um aeroporto, em Miami (EUA).
🚨VEJA: Bolsonarista hostiliza Ciro Gomes em aeroporto de Miami, nos Estados Unidos. pic.twitter.com/tqSIr0YExI
— CHOQUEI (@choquei) November 27, 2022
O pedetista, que estava acompanhado da esposa, a produtora cultural Giselle Bezerra, ouviu: “Olha aqui, gente, quem tá aqui em Miami, aquele que se aliou ao bandido do PT, ó, Ciro Gomes, na fila aqui de Miami. O traidor. Falou um monte de bosta do Lula e se aliou a ele. Está aqui, ó, passeando em Miami enquanto vocês estão aí passando dificuldade”.
Ciro apenas esboçou um sorriso irônico e não reagiu ao ataque verbal.
No dia 20 de novembro deste ano, o deputado federal e ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (PSDB-RJ) foi hostilizado por um grupo de bolsonaristas em um restaurante de um resort na Bahia. Ele estava acompanhado de sua esposa quando uma mulher e um homem chegaram e começaram a fazer perguntas.
Rodrigo Maia e família são atacados pelos bandidos importunadores, Quando se juntam, os covardes ficam valentes, ignorância e brutalidade, o resultado é o que aconteceu hoje num hotel da Bahia,Maia foi agredido no café da manhã. Vagabundos . pic.twitter.com/FCVugEsltk
— Frota 77🇧🇷💙 (@77_frota) November 20, 2022
No vídeo, divulgado no Twitter, é possível ouvir a mulher questionando: “É gostoso tudo o que você roubou da gente, deixou de fazer e atrasou o País?”. Depois, ela ainda chamou o parlamentar de “bandido”.
Maia e a esposa pediram para os bolsonaristas pararem, mas a solicitação não foi atendida. Por conta disso, o deputado federal precisou sair do local amparado por funcionários. Ele fez um “L” com uma das mãos, em referência à vitória de Lula, enquanto se dirigia para a saída do restaurante.
O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) também foi alvo dos bolsonaristas no dia 22 de novembro quando estava no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
➡️ Alckmin é chamado de “cúmplice de ladrão” em aeroporto
Também esta semana, o vice-presidente eleito foi ofendido por dois homens na recepção do hotel em que ele estava hospedado
Leia: https://t.co/rXvJsYQr86 pic.twitter.com/ubdAPQzQJw
— Metrópoles (@Metropoles) November 24, 2022
Nas imagens, publicadas no Twitter, é possível escutar uma pessoa chamando Alckmin de “cúmplice de ladrão”.
Imediatamente, o caso foi registrado na delegacia da Polícia Federal no aeroporto.
Ainda no campo político, a deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP) foi hostilizada no dia 21 de outubro por apoiadores do presidente Bolsonaro no momento em que saída de um restaurante, em Belo Horizonte (MG).
“À saída do restaurante do hotel Radisson Blu, fui alvo de xingamentos, inclusive palavrões, de um grupo de 20 a 25 simpatizantes de Bolsonaro que estava no local. É a velha tentativa grotesca de intimidar a ação política das mulheres. É a violência política de gênero se espalhando pelo País em tempos bolsonaristas”, disse a parlamentar na época.
Marina chegou a registrar um boletim de ocorrência por causa dessa agressão verbal.
Ministros do STF
Na área jurídica, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso foi hostilizado no dia 3 de novembro por bolsonarista durante um jantar com amigos em um restaurante, localizado no bairro Perequê, em Porto Belo, no litoral de Santa Catarina.
Na ocasião, a Polícia Militar foi acionada para realizar a segurança do magistrado. Depois, o gabinete de Barroso divulgou uma nota na qual informava que o grupo bolsonarista participava de bloqueios ilegais nas rodovias próximas ao estabelecimento.
No dia 13 de novembro, ministros do STF e o ex-presidente Michel Temer foram ofendidos por simpatizantes de Bolsonaro em Nova York (EUA). Eles estavam em solo norte-americano para participarem de um evento do grupo Lide.
Vídeos divulgados nas redes sociais mostram grupos agredindo verbalmente os ministros Alexandre de Moraes, Gilberto Mendes, Ricardo Lewandowski e Luís Roberto Barroso. Depois, Michel Temer também foi alvo das ofensas.
Jornalismo
Recentemente, na última sexta-feira (25), bolsonaristas que acampavam na frente da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em Resende (RJ), hostilizaram um repórter e uma repórter cinematográfica do UOL Notícias.
Os profissionais foram agredidos fisicamente e tiveram os celulares arrancados de suas mãos. Nesse momento, homens da Polícia do Exército foram tentar apartar a confusão.
Como os manifestantes estavam bem exaltados, os policiais recomendaram aos jornalistas que eles fossem embora.
Esse não foi o único ataque contra os profissionais da imprensa neste mês de novembro. No dia 15, uma equipe de reportagem do Grupo Jovem Pan foi hostilizada por apoiadores de Bolsonaro enquanto cobriam um ato antidemocrático em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília (DF).
Para conseguirem deixar o local, os profissionais tiveram de ser escoltados pelos militares.