Gilberto Gil revelou em entrevista à revista Veja que em algum momento da sua vida já se sentiu atraído por algum homem. O cantor de 80 anos disse que não se compara com a atração que tem pelas mulheres. “Nunca tive tesão num homem, como se diz. No entanto, por razões de delicadeza natural, educação, finura do trato, já tive proximidade com a sexualidade de outro, de outros”, comentou.

Ao ser questionado se relacionou com homens, Gil afirmou que sim e que isso não afetou seu modo de ver o assunto na sua vida. “Essas questões de amor, amizade, respeito foram possíveis em momentos em que a se aproximou de outros, mas nunca na mesma forma como de outras. Para mim, jamais foram coisas iguais”, completou.

Ao lado de Flora Gil desde 1988, o artista comentou que nunca cogitou ter um relacionamento aberto com sua parceira. “Flora e eu somos abertos ao mundo, mas nunca especulamos nada na direção do sexo livre. Nosso convívio tem uma enorme benignidade. Há uma delicadeza no trato e, para todo mal que surge, a Flora é o próprio remédio”, disse.

O artista comentou também que as especulações de um possível caso amoroso entre ele e seu amigo de longa data, Caetano Veloso, nunca o incomodaram.

“Encarava essas especulações como consequência da nossa proximidade, dos nossos gostos e do encantamento mútuo. Talvez isso pudesse provocar fantasias a respeito do que seriam possíveis ‘desembocares’ de sexualidade entre nós, o que sempre tratamos com naturalidade”, revelou.

Bissexualidade e consumo de drogas

Na conversa, o cantor brasileiro disse acreditar que todos os seres humanos são bissexuais. “Porque somos todos filhos de um pai e de uma mãe, o resultado de uma junção de genes de um e de outro. Portanto, somos todos bissexuais. Agora, o quanto e como isso influencia na condição masculina ou feminina e no exercício da própria sexualidade, aí reside uma variação infinita de possibilidades”, comentou.

Já sobre a experiência com drogas ilícitas, Gilberto Gil disse que teve contato durante o período de exílio em Londres, no início da década de 1970, durante a ditadura militar no Brasil [1964-1985].

“Nunca gostei de cocaína. Durante o exílio em Londres, no pós-tropicalismo, tomei ácidos. Experimentei tudo que uma viagem lisérgica propicia – o surreal, o surrealismo e o cubismo. Esses experimentos me interessavam na época e se refletiam na atitude musical. Também era um elemento que ajudava na adaptação à vida fora e à atmosfera londrina. Caetano sempre foi ‘Caretano’, nunca se interessou por essas viagens. Já Rita Lee era parecida comigo, apreciava essas experiências”, disse.