Um dos maiores especialistas em Previdência do País, o economista Fábio Giambiagi disse nesta terça-feira, 9, que, se houver vontade política, o próximo presidente da República terá legitimidade conferida pelas urnas para endurecer a proposta de reforma das aposentarias que está suspensa no Congresso.

“Com a legitimidade que o próximo presidente terá após a elevada participação cívica, se ele estiver disposto a bancar uma reforma dura, terá espaço para fazer isso. Saberemos em janeiro”, comentou Giambiagi ao participar de webinar transmitido pela consultoria GO Associados sobre a reforma previdenciária e o pós-primeiro turno.

Na avaliação do economista, pela resistência histórica do PT à reforma da Previdência, o caminho natural num governo Fernando Haddad – caso o petista seja eleito – será retomar a proposta parada na Câmara.

Já no caso de vitória de Jair Bolsonaro, o economista vê maior possibilidade de endurecimento da matéria, dada o respaldo do Congresso com a vitória de candidatos apoiados pelo presidenciável do PSL nas eleições para Câmara e Senado no último domingo.

Para Giambiagi, Bolsonaro, que recebeu pouco mais de 46% dos votos válidos no primeiro turno da corrida pela sucessão presidencial, alcançou uma liderança política que não se via desde a chegada ao poder do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Se souber encaminhar a negociação com o Congresso, ele, Bolsonaro, consegue aprovar o que quiser”, disse o economista, ponderando, contudo, que a estratégia do capitão da reserva de recusar a negociação com as cúpulas partidárias não é inteligente. No “varejo”, observou Giambiagi, Bolsonaro teria que fazer 330 negociações na Câmara para conseguir uma margem segura para colocar em votação emendas constitucionais, cuja aprovação depende do aval de pelo menos 308 deputados. “É mais complicado do que negociar com os partidos.”

Giambiagi, que é economista-chefe do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), defendeu mais uma vez que, diante do aumento das despesas previdenciárias em “vários bilhões” desde que a matéria entrou em pauta no Congresso, o País precisa de uma reforma mais dura do que a da proposta original encaminhada pelo presidente Michel Temer à Câmara – que fixava uma idade mínima de aposentadoria de 65 anos tanto para homens quanto para mulheres.

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Em busca de maior viabilidade da matéria, o texto foi flexibilizado nas negociações do Planalto com os parlamentares, sendo retirada a equalização das idades mínimas de aposentadoria entre homens e mulheres. Pela última versão, arquivada com a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro em fevereiro, as idades mínimas começariam, de imediato, em 53/55 anos (mulheres/homens) e, num prazo de 20 anos, evoluiriam gradualmente para 62/65 anos.

A proposição de Giambiagi é mudar as faixas etárias iniciais: 57 anos de idade mínima para mulheres e 60 anos para homens. “Cabe elevar o sarrafo e o novo presidente estará em condições ideais para isso com a legitimidade das urnas”.


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