O ex-presidente da Renault-Nissan, Carlos Ghosn, e sua esposa convidaram oito casais de amigos para o Carnaval no Rio em 2018, uma viagem que custou 260.000 dólares e foi paga pela empresa, segundo documentos consultados pela AFP.

O advogado de Ghosn defendeu esta viagem alegando que “as relações de amizade não excluem as relações de negócios”.

Segundo documentos consultados pela AFP, Ghosn e sua esposa convidaram oito casais para uma viagem ao Brasil, onde ficaram em um hotel de luxo, entre 9 e 14 de fevereiro de 2018, para assistir aos desfiles do famoso Carnaval. Carioca.

O casal Ghosn pediu aos convidados que pagassem suas próprias passagens de avião, mas o convite especifica que as equipes locais cuidariam do transporte, hospedagem e outras despesas.

“Em nome do sr. e da sra. Ghosn, tenho o prazer de informar que ficariam encantados se aceitassem ser seus convidados para o Carnaval do Rio 2018”, afirma o convite enviado por e-mail em dezembro de 2017.

“O voo correrá por sua conta própria e nossas equipes o receberão no aeroporto do Rio”, afirma ainda o e-mail, acrescentando que os convidados ficariam hospedados no Hotel Hilton em Copacabana, junto à praia.

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O evento exigiu medidas de segurança onerosas, incluindo dois veículos à prova de balas, que foram disponibilizados para os convidados.

A subsidiária brasileira da Nissan subsequentemente enviou uma conta de US$ 257.872 para a holding Renault-Nissan, com sede na Holanda e que coordena as atividades da aliança franco-japonesa construída por Ghosn antes de sua impressionante queda em desgraça.

O executivo franco-brasileiro-libanês de 64 anos se encontra detido no Japão desde 19 de novembro, acusado de fraude financeira.

Ghosn denuncia ser vítima de “uma trama e uma traição” por parte dos executivos da Nissan que se opõem à integração da montadora francesa com seus aliados japoneses.

“As relações amistosas não excluem as relações comerciais. E elas podem até mesmo ajudá-las”, afirmou à AFP o advogado de Ghosn, Jean-Yves Le Borgne.

“Tratou-se, conforme nos foi dito, de relações pessoais de Carlos Ghosn. Mas isso significa que podemos concluir que houve alguma forma de malversação na aliança?”, questionou ainda.

Entre os convidados estavam Mario Saradar, presidente do banco libanês de mesmo nome, do qual Carlos Ghosn é membro do conselho de administração; o deputado libanês Misbah Ahdab; um rico empreendedor imobiliário americano, Harry Macklowe; e o presidente da empresa de correios do Líbano, Khalil Daoud.

“Antes de nos ficarmos indignados, deveríamos verificar se (os convidados) estavam realmente envolvidos em qualquer negócio com a Renault-Nissan”, destacou Le Borgne, observando que, por exemplo, os correios libaneses “utilizam uma grande frota de carros”.


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