Um encontro em 2017 entre Adalberto Baptista e Gustavo Vieira de Oliveira, ex-dirigentes do São Paulo, transformaria outro time do Estado: o Botafogo de Ribeirão Preto. Após diversas conversas na cidade do interior, eles articularam um projeto para fazer o time se tornar um clube-empresa. O plano se concretizou em maio do ano passado, quando a proposta foi aprovado pelos conselheiros.

Aprovada a mudança, o Botafogo Futebol Clube transferiu seus registros e vagas nas competições para a Botafogo Futebol S/A. Um estudo avaliou o valor do clube em R$ 20 milhões, e a Trexx Holding – empresa de investimentos comandada por Adalberto Baptista – aplicou R$ 8 milhões para ficar com 40% dos negócios do novo clube.

Desde então, além da diretoria executiva, o time passou a ser gerido por um conselho de sete pessoas: três indicadas pelo Botafogo Futebol Clube, duas indicadas pela Trexx Holding e duas independentes. Gustavo é um dos independentes e está à frente do futebol do time.

“Na prática, você tem um ambiente de gestão mais técnico, voltado para o futebol, com pouco gasto de energia para questões políticas e relacionamentos. Isso tem impacto direto na administração. Quando você transforma um clube em empresa, tem mais capacidade de buscar recursos no mercado, como ações e juros menores, porque o credor tem mais confiança. Cria-se parcerias de longo prazo, porque não tem mais transições temporárias, como mudar o presidente a cada três anos”, explica Gustavo Vieira.

A Botafogo Futebol S/A é uma sociedade anônima fechada, mas o plano é preparar a empresa para abertura de capital na bolsa de valores. Adalberto Baptista, presidente do Conselho de Administração e hoje responsável pelo marketing, aposta no aumento do valor de mercado do clube. O primeiro passo foi dado ainda no fim do ano passado, com o acesso da Série C para a Série B do Campeonato Brasileiro. “Nós temos inicialmente o prazo de, em sete anos, alcançar a Série A. Estando na elite, é preparar a empresa para uma abertura de capital”, revela.

“Nossa expectativa é praticamente dobrar o faturamento em 2019 e repetir isso em 2020. Sair de um faturamento de R$ 12 milhões para R$ 25 milhões neste ano, e em 2020 tentar chegar a R$ 45 milhões”, diz Baptista, que, por enquanto, descarta investir em outra associação.

Uma das apostas para aumentar o faturamento do Botafogo neste ano é a inauguração da Arena Eurobike, espaço no estádio Santa Cruz que será aberto em amistoso contra o Corinthians, marcado para 29 de junho. O local contará, por exemplo, com o restaurante Hard Rock Cafe, além de camarotes e outro bar.

Quem está à frente das obras que tiveram início em setembro de 2018 é o próprio Adalberto Baptista, responsável também por vender os naming rights da arena à Eurobike por dois anos, com contrato renovável por mais dois, e de fechar o patrocínio master com a Sicredi até o fim desta temporada.

“O estádio tinha bastante espaço, características semelhantes às do Morumbi. A inauguração da arena será mais um marco para o Botafogo e para a cidade de Ribeirão”, exalta Baptista.

Se fora de campo o Botafogo tem inovado em sua gestão, dentro dele também tem surpreendido. Após uma campanha ruim no Paulistão, livrando-se do rebaixamento na última rodada, a equipe de Ribeirão Preto tem um bom início na Série B. Os dirigentes, porém, ainda não se empolgam. Eles calculam chegar à elite em três anos.

“O objetivo é se manter na Série B, porque teve uma mudança de patamar, tem de ter maturidade”, afirma Gustavo.

HISTÓRIA – Fundado em 12 de outubro de 1918, o Botafogo revelou jogadores como Zé Mario, considerado a grande revelação do futebol brasileiro em 1977, e Sócrates, que fez história no Corinthians e na seleção brasileira. Raí, irmão de Sócrates e hoje diretor do São Paulo, também começou a carreira no clube de Ribeirão Preto. Gustavo Vieira de Oliveira é filho de Sócrates.

Equipe forte que brigava de igual com os considerados grandes do estado até a década de 1990, o Botafogo passou a cair de rendimento nos anos 2000, assim como quase todos os clubes do interior de São Paulo.

Entre os títulos, destaques para duas Séries A2 do Paulista, em 1956 e 2000, e o Brasileiro da Série D em 2015. Também conquistou o Troféu do Interior do Estadual em 1927 e 2010.

Outras campanhas de destaque são o Paulista de 2001, quando acabou perdendo na decisão para o Corinthians, e os vices da Série B do Brasileiro em 1998 e da Série C em 1996.