Ao mesmo tempo em que aumentou para 25 o número de mortos em operação do Bope (Batalhão de Operações Especiais) da Polícia Militar, na Vila Cruzeiro, na Penha, no Rio de Janeiro, cresce as chacinas praticadas durante o governo de Cláudio Castro. Em apenas um ano de gestão, elas atingem 39, com 180 mortos. Um recorde de violência na Cidade Maravilhosa.

Durante a madrugada desta quarta-feira, 25, dois suspeitos que estavam internados sob cústodia policial no Hospital Estadual Getúlio Vargas vieram a óbito. Com essas duas novas mortes, o número de pessoas mortas em confronto aumentou para 25.

No total das 28 pessoas que deram entrada no Hospital Estadual Getulio Vargas 23 faleceram ontem. Nesta lista não consta o nome de Gabrielle Ferreira da Cunha de 41 anos, que foi vitimada após ser atingida por uma bala de longo alcance em sua própria casa. Outro nome serio o do menor de idade que já chegou morto na UPA( Unidade de Pronto Atendimento) do Alemão, de acordo com a Secretária Municipal de Saúde.

A “Operação emergencial” tinha como objetivo prender os chefes do Comando Vermelho, uma das maiores facções criminosas do Rio e outros lideres da facção que atuam em diversos estados do Brasil. De acordo com moradores, a operação se iniciou ontem por volta das 4h, com o apoio de um helicóptero blindado. Mais de 18 escolas da região da Vila Cruzeiro ficaram fechadas por conta da operação. O comércio ficou parcialmente paralisado.

Moradores viveram momentos de extremo terror, em vídeos divulgados na internet, em que aparecem levando os feridos ao hospital por conta própria e expõem troca de tiros.

O Ministério Publico Federal (MPF) abriu procedimento para averiguar se ocorreu possíveis violações na conduta que os agentes federais tiveram durante a Operação na Penha.

Esta não é a primeira chacina que ocorre no Estado do Rio de Janeiro, sob a gestão do governador Cláudio Castro (PL). Em apenas um ano desde que assumiu o governo do Rio de Janeiro, ocorreram 39 chacinas com 180 mortes de acordo com levantamento feito pelo Instituto fogo Cruzado e a Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF).

O governador acumula as duas maiores chacinas em Operações Policiais feitas na história do Rio de Janeiro. Operação ocorrida na vila Cruzeiro nesta terça-feira é a segunda ação policial mais letal da história do Rio, ficando atrás somente da Operação na favela do Jacarezinho, em maio de 2021 com 28 mortos. Só desde o início do ano já foram registradas 84 óbitos em 16 massacres no Rio.

De acordo com o secretário da Polícia Militar, coronel Luiz Henrique Marinho, a migração de traficantes nas favelas do Rio de Janeiro oriunda de outros estados, que ocasionaram a operação na Penha, estaria diretamente ligada a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de limitar as operações policiais em comunidades do estado do Rio devido a pandemia. ”A gente começa a perceber essa movimentação, essa tendência de ligação com o Rio de Janeiro, a partir da decisão do STF”. Disse o secretário da PM. A afirmação do secretário da Polícia Militar demonstra que o governo do rio nunca cumpriu ou aceitou de forma genuína a decisão do STF.

Dados mostram em outro estudo da Geni/UFF que ações policiais feitas no estado do Rio têm causado verdadeiros massacres, vitimando inocentes nas favelas do Rio. A ánalise mostra que quando há a presença conjunta do Bope (Batalhão de Operações Especiais) da Polícia Militar e da Core (Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais) da Polícia Civil cresce em seis vezes a probabilidade de que ocorram chacinas. Ambas estavam presentes nos maiores massacres do Rio: o Bope esteve presente na chacina desta terça-feira na Vila Cruzeiro e o Core esteve presente na chacina de maio do ano passado no Jacarezinho.

Segundo, Daniel Hirata, coordenador do Geni/Uff, “as operações do Jacarezinho e da Vila Cruzeiro se enquadram nas características típicas das chacinas policiais, com a presença das unidades especiais e em ações emergenciais, que tendem a ser mais violentas do que as planejadas”.

Das 39 chacinas que ocorreram durante a Gestão do governador Castro, 31 ocorreram em operações policiais. De acordo com Hirata, o governador do Estado do Rio de Janeiro não se compromete com a diminuição no número de mortes em operações policiais nas favelas do Rio.“É inaceitável o que vem acontecendo ao longo dos últimos meses. A gestão Cláudio Castro não tem nenhum comprometimento com o principal problema de Segurança Pública no Rio, que é a letalidade policial. O governo do Rio apresentou um plano de redução por força de decisão judicial que é absolutamente protocolar”, afirmou Daniel Hirata.

Sobre a chacina da Vila Cruzeiro, o Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos e a Ouvidoria da Defensoria Pública do Rio de Janeiro. Afirmaram que “a alta letalidade da operação levanta suspeita de que uma chacina pode ter sido cometida”. “O eventual envolvimento de algumas vítimas com o crime não autoriza por si só, o homicídio por agentes do Estado.”