Gerson acusa jogador do Bahia de racismo em partida do Flamengo

SÃO PAULO, 21 DEZ (ANSA) – O meio-campista Gerson, do Flamengo, acusou neste domingo (20) o colombiano Juan Ramírez, do Bahia, de tê-lo ofendido racialmente durante a partida entre as duas equipes no Maracanã, que terminou 4 a 3 para o time carioca.   

Em uma entrevista logo depois da partida, o ex-jogador da Roma e da Fiorentina afirmou ter escutado o adversário dizer “cala boca, negro”. Além disso, Gerson discutiu com o técnico Mano Menezes, que, segundo ele, teria minimizado o caso.   

O lance aconteceu no início do segundo tempo. As imagens da transmissão mostram o jogador do Flamengo inconformado e partindo para cima do rival após de ter ouvido alguma coisa.   

Gerson foi afastado pelos companheiros de equipe e depois foi até a beira do gramado, onde também discutiu com o técnico do Bahia.   

Mano Menezes deixou o comando do clube baiano algumas horas depois da derrota por 4 a 3 diante do Flamengo. O comandante, que estava desde setembro no Bahia, disse em uma entrevista coletiva que não apoia atitudes racistas.   

Em nota, o Bahia informou que o meia-atacante Ramírez negou as acusações, mas ainda assim decidiu afastar o colombiano.   

“O atleta Ramírez nega veementemente a acusação e a ele está sendo dada a oportunidade de se defender de algo tão grave. O clube entende, porém, que é indispensável, imprescindível e fundamental que a voz da vítima seja preponderante em casos desta natureza. Assim, decidiu afastar imediatamente o jogador das atividades da equipe até a conclusão da apuração. O presidente Guilherme Bellintani ligou para Gerson a fim de prestar solidariedade”, comunicou o Bahia.   

Gerson também se manifestou sobre o episódio em suas redes sociais. O brasileiro afirmou que “o ‘cala boca, negro’ é justamente o que não vai mais acontecer” e declarou que é “nojento” conviver com o racismo.   

“O ‘cala boca, negro’ é justamente o que não vai mais acontecer.   

Seguiremos lutando por igualdade e respeito no futebol – o que faltou hoje do lado contrário. Desde os meus 8 anos, quando iniciei minha trajetória no futebol, ouço, as vezes só por olhares, o ‘cala a boca, negro’. E eles não conseguiram. Não será agora. ‘Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista’. O futebol não é algo fora da sociedade e um ambiente onde barbaridades como o ‘cala a boca, negro’ podem ser aceitas. É uma pena nós, negros, termos que falar sobre isso semanalmente e nenhuma atitude no esporte ser tomada a respeito.   

E é mais triste ainda ver a conivência de outras pessoas que estão dentro de campo e que minimizaram e diminuíram o peso do ato de hoje no Maracanã. É nojento conviver com o racismo e ainda mais com os que minimizam esse crime”, escreveu.   

Em suas redes sociais, a Roma, equipe que Gerson defendeu entre 2016 e 2019, mandou uma mensagem de solidariedade ao volante afirmando que o brasileiro é “um de nós para sempre”. (ANSA).