SÃO PAULO (Reuters) – Importantes regiões agrícolas do Brasil, cujos cultivos têm sido afetados por condições climáticas desfavoráveis neste ano, deverão registrar chuvas e ver a umidade do solo melhorar nos próximos dias, disse a Geosys Brasil nesta quinta-feira.
Segundo a empresa, dados do modelo europeu indicam chuvas acima da média para partes de São Paulo e Paraná, além de áreas em Minas Gerais e do Centro-Oeste.
Por outro lado, grande parte do Paraná –maior produtor de trigo do país– seguirá com precipitações abaixo da média.
“A baixa umidade do solo deve ser monitorada nos próximos dias e, caso não haja alteração de cenário, pode ocorrer limitação do potencial produtivo”, disse em nota o analista de culturas da Geosys Brasil, Felippe Reis.
Segundo a empresa, nos últimos dez dias, parte das lavouras de trigo do Rio Grande do Sul recebeu chuvas acima da média para o período, mas nas demais áreas produtoras, caso do Paraná e São Paulo, os volumes ficaram muito abaixo da média.
Mesmo no Rio Grande do Sul, que recebeu chuvas mais significativas, a região noroeste permanece com umidade abaixo do normal e as precipitações para os próximos dias não devem atingir a média.
A seca tem mantido a umidade baixa desde o início de julho no Estado, e o balanço hídrico evidencia um estresse recente, afirmou a Geosys.
Em informativo conjuntural publicado nesta quinta-feira, a Emater-RS reiterou que os últimos sete dias foram de chuvas expressivas no Estado, mas que as áreas de trigo tiveram grande amplitude térmica, precipitações isoladas e baixo acumulado, o que faz com que regiões menos úmidas sigam com desenvolvimento lento.
Atualmente, a safra de trigo do Rio Grande do Sul –segundo maior produtor do Brasil– tem 3% das lavouras em fase de enchimento de grãos, ante 7% na média histórica para o período, enquanto 20% estão em floração (média histórica de 26%) e 77% em germinação/desenvolvimento vegetativo (média de 67%).
No Paraná, segundo a Geosys, as chuvas na zona de trigo ficaram 62,3% abaixo da média em julho e, até quarta-feira, tinham índice 72,6% inferior à média em agosto.
“Desde o início de julho, a precipitação acumulada está no menor patamar dos últimos 30 anos e, mesmo com a previsão de boas chuvas para algumas regiões do Estado, o volume mensal deve ficar abaixo da média”, disse a empresa em nota.
SÃO PAULO E MINAS GERAIS
São Paulo deve registrar algum alívio nos próximos dias em sua área de trigo na região dos municípios de Capão Bonito e Itapetininga, que têm previsão de chuvas, mas ainda se vê impactado pelo baixo volume de precipitações acumulado desde julho –o menor dos últimos 30 anos.
O noroeste paulista, que possui importante área de cana-de-açúcar, também passa pela maior estiagem em três décadas, mas não enxerga sinais de melhora: a previsão aponta baixo volume de chuvas na região para os próximos dias, segundo a Geosys.
A empresa indicou ainda que o Triângulo Mineiro, grande região produtora de café, registrou apenas 0,09 milímetro de chuva em agosto. O sul e sudeste do Estado, por sua vez, tiveram bom volume de chuvas em fevereiro, mas nos demais meses a seca prevaleceu.
“Além disso, entre o fim de junho e início de agosto, foram registradas três quedas bruscas de temperatura, o que permitiu a ocorrência de geadas na região”, ressaltou a Geosys. “A associação de seca mais geadas danificou fortemente as lavouras de café na região.”
(Por Gabriel Araujo)