As coreanas Hong Un-jong e Lee Eun-ju fazem selfie
As coreanas Hong Un-jong e Lee Eun-ju fazem selfie

Separadas desde os anos 50 depois de uma guerra que deixou um saldo de mais de 100 mil mortos, Coreia do Sul e Coreia do Norte estão em lados opostos da geopolítica global, apesar de vizinhas. Capitalista, o Sul é aliado dos Estados Unidos e Japão. Socialista, o Norte vive uma ditadura. Entre lançamentos de mísseis e ameaças de bomba atômica, as duas nações jamais promoveriam um gesto de amizade como o que se viu na semana passada. No intervalo de suas apresentações na Rio-2016, a ginasta norte-coreana Hong Un-jong sorriu ao lado da sul-coreana Lee Eun-ju para uma selfie. A imagem correu o mundo como símbolo do espírito olímpico capaz de unir até nações inimigas.

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Boa vizinhança
O esporte funciona de acordo com a sua própria geopolítica, mas as tensões da vida real acabam contaminando os atletas. Na sexta-feira 5, a  caminho do Maracanã para a cerimônia de abertura, a delegação do Líbano se recusou a dividir o ônibus com a de Israel. O chefe libanês chegou a impedir a entrada dos israelenses na porta do veículo. É para evitar esse tipo de conflito que os comitês organizadores consideram as incompatibilidades na hora de organizar a Vila Olímpica, onde ficam os atletas. Embora o objetivo dos Jogos seja que pessoas tão diferentes se entendam e convivam, a paz só reina quando os prédios de nações como Índia e Paquistão, por exemplo, mantêm distância.

Entre as particularidades da geopolítica do esporte, estão países que são amigos na vida real e inimigos nas quadras, como Brasil e Argentina. Há ainda as nações que ganham importância nas competições, como a Austrália, que, com a quinta maior delegação dos Jogos, é uma potência olímpica, embora não seja tão influente na diplomacia global. São só nessas condições que é possível ver Alemanha e Egito competindo em pé de igualdade. A imagem de Doaa Elgobashy, vestindo um hijab (véu muçulmano) e com as pernas e os braços cobertos, jogando vôlei de praia contra a dupla alemã Laura Ludwig e Kira Walkenhorst, de biquíni, mostra que só o esporte é capaz de romper barreiras.