BRASÍLIA, 23 SET (ANSA) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em seu discurso na Assembleia-Geral da ONU, nesta terça-feira (23), que o “genocídio em curso” na Faixa de Gaza sepulta o “mito da superioridade ética do Ocidente”.
Em discurso de cerca de 15 minutos, o mandatário abordou algumas das principais crises da atualidade, como os conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio e fez críticas veladas aos Estados Unidos.
Segundo Lula, “não haverá solução militar” para a guerra no leste europeu, e é preciso “pavimentar caminhos para uma solução realista” na disputa entre Rússia e Ucrânia, levando em conta “as legítimas preocupações de segurança de todas as partes”.
Em seguida, declarou que “absolutamente nada justifica o genocídio em curso em Gaza” e voltou o discurso contra os países ocidentais.
“Ali, sob toneladas de escombros, estão enterradas dezenas de milhares de mulheres e crianças inocentes. Ali também estão sepultados o Direito Internacional Humanitário e o mito da superioridade ética do Ocidente. Esse massacre não aconteceria sem a cumplicidade dos que poderiam evitá-lo”, disse o presidente, salientando que o “povo palestino corre o risco de desaparecer”.
“Em Gaza a fome é usada como arma de guerra, e o deslocamento forçado de populações é praticado impunemente. Expresso minha admiração aos judeus que, dentro e fora de Israel, se opõem a essa punição coletiva”, salientou.
Para o presidente, o povo palestino só sobreviverá por meio de um “Estado independente e integrado à comunidade internacional”. “Esta é a solução defendida por mais de 150 membros da ONU, reafirmada ontem, aqui neste mesmo plenário, mas obstruída por um único veto [dos Estados Unidos]”, afirmou Lula.
O presidente ainda criticou os EUA por negarem visto para o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, participar da Assembleia-Geral, recebendo aplausos do plenário.
Durante o discurso, Lula também cobrou que a comunidade internacional “reveja suas prioridades”, com a redução dos gastos com guerras para aumentar a ajuda ao desenvolvimento, o alívio dos juros da dívida externa dos países mais pobres, sobretudo os africanos, e a definição de padrões mínimos de tributação global, “para que os super-ricos paguem mais impostos que os trabalhadores”. (ANSA).