Meu amigo João escreveu no meu LinkedIn que o Bolsonaro não é tão mau assim. Que não está fazendo mal ao Brasil. E meu amigo João é um “cara legal”. Um investidor sagaz que trabalha todo o dia fazendo negócios de forma honesta e acredita que a estabilidade é a coisa mais importante que existe.

Uns dias mais tarde eu já tinha esquecido o desabafo do João, quando a minha amiga Alexandra me perguntou, lá no LinkedIn também, como é que ainda podia haver gente como o meu amigo João. A minha amiga é jornalista e acredita que a liberdade é a coisa mais importante que existe.

Precisamos saber melhor quem é o meu amigo João para entender que ele está certo e errado ao mesmo tempo, e que esse é o verdadeiro drama que hoje o Brasil não consegue resolver.

O João é Brasileiro e vive em Portugal. Ele tem saudades do Brasil, de onde saiu porque tem um espírito empreendedor, mas também porque o local onde ele vivia era cada vez mais inseguro.

Por isso veio para Portugal, montou um bom negócio, uma empresa bem-sucedida, mas tem saudades do Brasil. Intimamente penso que o João sabe – porque ele conhece bem o Brasil — que não há nenhuma chance de voltar a colocar segura a “terra amada” sem distribuir de novo a renda.

Mas ele também sabe que só vai voltar a haver riqueza que chegue para a distribuir, se um dia acabar a corrupção clientelar que o Brasil desenvolveu como inovação política universal.

Sem uma luz à vista o João acredita, erradamente, já vou te dizer porquê, me desculpe João, que autoridade é o único caminho para devolver esperança ao Brasil.

A história começou quando eu tinha escrito uma matéria — aqui na IstoÉ — chamando Bolsonaro de “Capitão Genocida” e aí ele não gostou. E tinha razão porque ele não é um genocida. Bolsonaro é um psicopata.

Não é genocida porque não ordenou o genocídio como diz no dicionário. “Pessoa que deliberadamente ordenou o extermínio de um grande número de pessoas, de todo um grupo étnico ou religioso, de um povo, uma cultura ou uma civilização.” Não é.

É psicopata – fui no dicionário de novo — “distúrbio mental grave em que o paciente apresenta comportamento antissocial, incapaz de demonstrar arrependimento e remorso, revela alto nível de egocentrismo, dificuldade em manter laços afetivos ….

Aí eu lembrei do comentário que ele colocou no meu texto de opinião — “Infelizmente a Isto É, deixou de ser uma revista pra ser um panfleto anti Bolsonaro.”  — eu retorqui, adoro esta palavra — “João, não acha que infelizmente o Bolsonaro está a prejudicar incalculavelmente o Brasil?

Ele me responde iluminando o caminho — “Não saberia dizer, mas não posso julgá-lo pelo que é publicado em vários veículos de comunicação do Brasil e daqui de Portugal.”

Caiu a ficha. Se o João pensa que não pode julgá-lo pelo que é publicado na comunicação social, livre e independente, salvaguarda das instituições e garante da democracia — vai julgá-lo, onde?

Aí eu percebi a nossa urgência de mudar a forma como falamos dele — viu Marilis!  Porque a gente precisa que o João não defenda o Bolsonaro.