Um general e um coronel da Força Armada da Venezuela foram detidos sob acusação de participar de um suposto atentado contra o presidente Nicolás Maduro, informou nesta terça-feira (14) o procurador-geral Tarek William Saab.

O general de divisão da Guarda Nacional Bolivariana Alejandro Pérez Gámez foi apresentado na noite de segunda-feira a um juiz por sua suposta participação nos fatos, disse nesta terça o procurador à imprensa.

Nesta terça-feira também circularam vídeos no Twitter em que o general de brigada Héctor Hernández Da Costa, também da Guarda Nacional, denuncia que será preso por agentes de contra-inteligência militar, sem informar os cargos.

“Me declaro inocente de qualquer situação que queiram atribuir a mim”, disse no vídeo.

Junto com o Pérez Gámez foram levados aos tribunais o coronel Pedro Zambrano e o deputado Juan Requesens, detido há uma semana como “cúmplice”.

Já são 14 os detidos de um total de 34 supostos envolvidos na detonação de dois drones carregados de explosivos em 4 de agosto, durante uma parada militar pelo aniversário da Guarda Nacional em Caracas, na presença de Nicolás Maduro.

Todos os presos já foram apresentados e acusados ante um tribunal.

O procurador não descartou que haja mais prisões.

“Obtivemos detalhes dos detidos (…) que foram acolhidos pelo benefício processual da delação e estão fornecendo detalhes exatos”, disse.

Um porta-voz do Departamento de Estado declarou nesta terça-feira à AFP que Washington “investigará atividades ilegais dentro de suas fronteiras se o governo da Venezuela apresentar uma evidência legítima”.

O ex-sargento da Guarda Nacional Juan Monasterios também está detido.

Zambrano e Monasterios são apontados pelo ataque ao forte militar de Paramacay, em 6 de agosto de 2017.

Dois dos agressores morreram e sete foram presos durante o ataque, cuja autoria foi reivindicada pelo ex-policial Óscar Pérez, abatido em janeiro passado. Posteriormente, Caguaripano foi preso.

Óscar Pérez ficou conhecido em junho de 2017 depois de lançar de um helicóptero duas granadas sobre a sede da alta corte e disparar contra o Ministério do Interior em Caracas.

– ‘Caça às bruxas’ –

A explosão dos drones foi reivindicada pelo Movimento Nacional Soldados de Camisetas, um suposto grupo rebelde até agora desconhecido, que assegura ser integrado por civis e militares.

A prisão do general Pérez Gámez e do coronel Zambrano se soma a de vários militares nos últimos meses por supostamente conspirar contra Maduro.

“Há uma caça aos generais e almirantes” como parte de uma “disputa desatada desde a chegada de Maduro ao poder”, disse à AFP a especialista em temas militares Rocío San Miguel.

“Tenho a impressão de que há um alto grau de instabilidade interna”, acrescentou, descartando, no entanto, uma “implosão” nas Forças Armadas.

Em 24 de maio, quatro dias após sua polêmica reeleição, o presidente socialista anunciou a prisão de um grupo de militares acusados de conspirar contra a votação, apoiados pela oposição e pelos governos de Colômbia e Estados Unidos.

Até julho cerca de 150 membros da Força Armada estavam presos “por razões políticas”, segundo a ONG Justiça Venezuelana. San Miguel calcula que sejam 200.

Após o incidente com os drones, um dos quais explodiu em frente ao palanque em que Maduro discursava, o alto comando militar reiterou sua “lealdade incondicional” ao presidente, que enfrenta grande rejeição popular pela crise socioeconômica.

Com grande poder político e econômico, a Força Armada é considerada por analistas o principal apoio de Maduro, mas a prisão de militares coloca em xeque aquilo que o chavismo reivindica como uma férrea “união civil-militar”.