Um general da reserva do Exército confirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) na quinta-feira(24) que redigiu um documento que planejava o assassinato do presidente Lula, um complô pelo qual o ex-presidente Jair Bolsonaro é acusado em seu julgamento por golpe.
A mais alta corte acusa o ex-chefe de Estado de extrema direita (2019-2022) de ser o mentor de um suposto plano fracassado para impedir a posse do atual presidente de esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva, após derrotá-lo por uma pequena margem nas eleições de 2022.
O complô teria fracassado devido à falta de apoio de altos comandantes militares.
A suposta tentativa de golpe incluía até mesmo um plano, apelidado de “Punhal Verde e Amarelo”, para assassinar Lula, segundo a acusação.
O general Mário Fernandes, então secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro, confirmou ao STF que redigiu e imprimiu o documento, embora tenha dito que se tratava apenas de um “pensamento” seu e que o compartilhou.
Fernandes prestou depoimento ao tribunal durante os interrogatórios de um grupo de cerca de trinta ex-colaboradores de Bolsonaro que estão sendo julgados ao lado do ex-presidente pela suposta tentativa de golpe.
“Esse arquivo digital que nada mais retrata do que um pensamento meu que foi digitalizado, um compilar de dados, um estudo da situação”, disse o general por videoconferência.
Fernandes afirmou que imprimiu o documento no Palácio do Planalto apenas para lê-lo “em papel” e depois rasgou-o. “Não foi apresentado a ninguém, não foi compartilhado por ninguém”, acrescentou.
A acusação, no entanto, aponta que o militar levou o plano à residência presidencial da Alvorada para tratativas com Bolsonaro em 6 de dezembro de 2022. Nesse mesmo dia, Bolsonaro recebeu a minuta de um decreto que contemplava medidas excepcionais para anular o resultado das eleições, segundo os investigadores.
O suposto plano “Punhal Verde e Amarelo” seria executado em 15 de dezembro de 2022 e também teria como objetivo assassinar o então vice-presidente eleito Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, que atualmente preside o julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal.
Na semana passada, a Procuradoria-Geral da República pediu a condenação de Bolsonaro. Se condenado, poderá pegar até 40 anos de prisão.
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