26/08/2024 - 11:31
Uma investigação do MP-SP (Ministério Público de São Paulo) apontou que membros da GCM (Guarda Civil Metropolitana) são suspeitos de agir como uma milícia armada e estariam ao lado do PCC (Primeiro Comando da Capital) para transferir usuários de drogas na Cracolândia a outros locais a pedido de propina. As informações foram divulgadas pelo “Fantástico”, da TV Globo, nesse domingo, 25.
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De acordo com as autoridades, os guardas civis ofereciam para comerciantes segurança e transferência de dependentes químicos para outros locais mediante a pagamentos mensais. O MP-SP estimou que os proprietários de estabelecimentos do Centro da capital paulista transferiam R$ 50 mil por mês para a milícia.
Conforme a acusação, os guardas civis criavam o problema, designando onde os dependentes químicos seriam alocados e, posteriormente, cobravam os comerciantes para a retirada deles. Uma quebra de sigilo bancário apontou transferências entre os proprietários de estabelecimentos da área para a conta de membros da GCM.
Durante as investigações, as autoridades chegaram aos nomes de Renata Scorsafava, Antônio Carlos Amorim Oliveira e Elisson de Assis, três membros da GCM e da Iope (Inspetoria de Operações Especiais). Os suspeitos teriam integrado a milícia da Cracolândia entre outubro de 2019 e janeiro de 2023. Todos negam as acusações.
Ainda, outros grupos obtêm lucros a partir da Cracolândia, como depósitos de sucata que funcionam clandestinamente, até mesmo como depósitos e esconderijos de drogas, e exploram os dependentes, chegando a “pagar” os usuários de entorpecentes com bebidas alcoólicas.
De acordo com o MP-SP, hotéis e imóveis antigos da região foram comprados pelo PCC. Ainda, agentes da GCM avisavam os criminosos previamente em relação a quando ocorreriam operações policiais na Cracolândia. Segundo as autoridades, o abastecimento da área está sob controle de “Léo do Moinho”, chefe da favela do Moinho, que fica a um quilômetro do local, e estava em liberdade condicional antes de ser preso novamente.
A Prefeitura de São Paulo declarou que desconhece a atuação de milícias na cidade e repudia qualquer tentativa de uso do episódio para descredibilizar a corporação, acrescentando que Elisson de Assis foi expulso da GCM e Antônio Carlos Amorim e Renata Scorsafava estão afastados e em processo de expulsão.
Ao todo, 22 guardas civis, um policial civil e quatro militares ainda estão sendo investigados por envolvimento nos crimes. A SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) pontuou que a apuração dos fatos está sob sigilo e avaliada minuciosamente.