O Ministério da Saúde da Autoridade Palestina confirmou nesta sexta-feira (16) o primeiro caso de poliomielite registrado em 25 anos na Faixa de Gaza, onde a ONU pede “pausas humanitárias” para vacinar mais de 640 mil crianças menores de 10 anos.

O primeiro caso foi confirmado após a análise de amostras de fezes de três crianças moradoras de Gaza “com suspeita de paralisia flácida aguda, um sintoma comum da poliomielite”, no laboratório nacional de poliomielite da Jordânia.

O afetado é um “bebê de dez meses que não havia sido vacinado” em Deir al Balah, no centro do território palestino superpovoado, onde quase que a totalidade dos 2,4 milhões de habitantes foi deslocada em dez meses de guerra, detalhou o ministério.

Poucas horas antes, o secretário-geral da ONU, António Guterres, havia pedido a todas as partes para que oferecessem garantias concretas que assegurem pausas humanitárias para a “campanha” de vacinação.

“É impossível realizar uma campanha de vacinação contra a poliomielite com uma guerra por toda parte”, disse Guterres. “Uma pausa para a poliomielite é necessária”, insistiu.

Segundo a ONU, o território palestino não registrava casos dessa doença há 25 anos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) já haviam solicitado pausas humanitárias “de sete dias” para implementar pelo menos duas rodadas de vacinação na Faixa de Gaza.

As agências afirmaram que essas campanhas deveriam ser realizadas no fim de agosto e em setembro em toda a Faixa para “prevenir a propagação da variante que circula atualmente”, conhecida como cVDPV2.

O vírus da poliomielite foi detectado em julho em amostras de esgoto em Khan Yunis e Deir el Balah, lembram as duas agências da ONU.

Tanto a OMS quanto o Unicef esperam vacinar mais de 640 mil crianças menores de dez anos.

Mais de 1,6 milhão de doses da vacina nOPV2, usada para interromper a transmissão do cVDPV2, chegarão à Faixa de Gaza até o final de agosto, de acordo com o comunicado à imprensa.

As vacinas serão administradas por 708 equipes, incluindo hospitais e centros de saúde em todos os municípios de Gaza.

A ONU enfatiza que a cobertura de vacinação deve ser de pelo menos 95% em todas as campanhas para evitar a disseminação da poliomielite, “uma vez que os sistemas de saúde, água e saneamento estão gravemente prejudicados” no pequeno território palestino.

Mas isso também requer dinheiro, combustível e redes telefônicas e de internet em funcionamento para informar a população, bem como “a entrada de especialistas em pólio” no território palestino devastado pela guerra, lembrou Guterres.

A poliomielite, uma ameaça generalizada há apenas quarenta anos, que pode causar paralisia irreversível em questão de horas, desapareceu em grande parte do mundo graças às vacinas.

A pólio “não respeita linhas demarcatórias”, insistiu Guterres, enfatizando a ameaça “não apenas às crianças palestinas em Gaza, mas também nos países vizinhos e na região”.

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