Gaza está se tornando cemitério do direito humanitário, diz ONU

ROMA, 3 SET (ANSA) – O chefe da Agência da ONU de Assistência aos Refugiados da Palestina (Unrwa), Philippe Lazzarini, advertiu nesta quarta-feira (3) que a Faixa de Gaza está se tornando um “cemitério do direito humanitário internacional”.   

Em entrevista ao jornal espanhol “El País”, o responsável pela Unrwa voltou a destacar que a crise alimentar e a fome severa no enclave palestino não são o resultado de vários fatores, mas sim de uma ação provocada apenas “pelo homem”.   

“Há meses que alertamos para os sinais de fome e demos o alarme, mas os nossos avisos caíram por terra”, afirmou.   

Lazzarini reforçou ainda que, por meio de seus centros de saúde, a Unrwa viu o número de crianças gravemente desnutridas na Cidade de Gaza aumentar “seis vezes nos últimos seis meses”.   

A Agência da ONU de Assistência aos Refugiados da Palestina teme que a fome se espalhe por todo o enclave e “não se restrinja à cidade de Gaza”.   

“É absolutamente obsceno que mais de 1,5 mil pessoas também morreram enquanto procuravam desesperadamente ajuda alimentar em centros de distribuição instalados perto das posições das Forças de Defesa de Israel, geridos pela infame Fundação Humanitária de Gaza, operada por soldados israelenses e seguranças dos EUA”, acrescentou.   

Durante a entrevista, Lazzarini avisou que esta situação está “sendo aceita” e pode se tornar “o novo normal para conflitos futuros” e alertou para que todos se esforcem para garantir que o enclave continue a ser dos palestinos.   

Para ele, este cenário “é o único em consonância com o desfecho aceito pela comunidade internacional: a solução de dois Estados”.   

Por fim, descreveu a Cisjordânia como um país que vivencia “níveis sem precedentes de violência e deslocamento forçado, que certamente estariam nas manchetes hoje se não tivessem sido ofuscados pelo desastre de Gaza”. (ANSA).