Com o rosto iluminado pelos olhos verde-esmeralda que brilham como semáforos e trajando um transparente vestido preto de alcinhas, Emma Stone mostrou quem realmente é no domingo 29, durante a cerimônia de entrega do Screen Actors Guild Awards 2017, em Los Angeles. O prêmio, escolhido pelos atores de TV e cinema dos Estados Unidos, é um bom termômetro para o Oscar (assista ao vídeo abaixo). Tão espontânea quanto atrapalhada, ela não conseguiu conter a euforia. Segurando a estatueta recebida pela ótima atuação em “La La Land — Cantando Estações”, Emma aproveitou para valorizar o fato de ter concorrido com Meryl Streep, Natalie Portman, Amy Adams e Emily Blunt. “Todas vocês me inspiraram com seu talento e inteligência excepcionais”, afirmou. Depois de recuperar o fôlego, ela provou merecer toda a admiração que tem recebido. “Estamos num momento muito complicado no mundo e em nosso país. As coisas estão assustadoras. Sou muito grata por estar no meio de pessoas que refletem sobre isso”, disse Emma. As palavras não seriam muito diferentes se a vencedora do prêmio fosse Meryl Streep, a atriz que cutucou Donald Trump na entrega do Globo de Ouro — que premiou Emma como melhor atriz de musical ou comédia. Mais que viver seu momento como a nova queridinha do cinema, ela sabe usar a cabeça.

POWERPOINT

Nascida em Scottsdale, no Arizona, Estados Unidos, em uma família que mistura imigrantes da Suécia, Alamanha, Inglaterra, Escócia e Irlanda, Emily Jean Stone já era atriz na infância, atuando em um teatro infantil de Phoenix, capital do estado. Aos 14 anos, traçou seus planos para o estrelato. Inspirada em Madonna e nas Spice Girls, ela surpreendeu os pais com o ambicioso “Project Hollywood 2004”, uma apresentação em PowerPoint dedicada a provar que ela deveria abandonar a escola para ser atriz de cinema. “Convidei meus pais para irem ao meu quarto, servi pipoca e mostrei meu projeto. Deu certo”, diria ela mais tarde, lembrando que se mudou para Los Angeles em janeiro de 2004, como planejado. “Eles sempre me transmitiram a sensação de que eu poderia fazer qualquer coisa — mas nunca dizendo ‘Você é o máximo’. Era mais na linha ‘Vai ser um trabalho duro, mas você terá nosso apoio.”

Ainda em 2014, Emma conseguiu aparecer na TV, em um reality show do canal VH1 que revelava novos talentos. Três anos depois, ganhou destaque no besteirol estudantil “Superbad: É hoje”. Em 2010, como protagonista de “A Mentira”, também ambientado em uma escola, já era uma estrela. Em seguida, namorou o Homem Aranha (tanto no filme de 2012 quanto na vida real). O modo como sua carreira evolui prova que o “Projeto Hollywood” não era uma brincadeira de adolescente.

“Convidei meus pais para irem ao meu quarto, servi pipoca e mostrei o ‘Projeto Hollywood 2004’. Deu certo” Emma Stone, atriz

Entre seus filmes prediletos estão “Luzes da Cidade”, de Charles Chaplin, e produções cult da década de 1970, como “Rede de Intrigas” (1976), de Sidney Lumet, e “Manhattan” (1979), de Woody Allen. Sobre quais atrizes a ajudaram a moldar seu estilo, ela costuma citar as pouco óbvias Diane Keaton e Marion Cotillard, cuja atuação em “Piaf” Emma gostava de imitar. Uma de suas marcas registradas é a voz sedutoramente rouca, que ela atribui às crises de cólica na infância. Em “La La Land”, o filme que a consagrou, ela canta, dança e interpreta com graça e leveza. Claro que a beleza conta. Em 2013, Emma ficou em quinto lugar no ranking das 99 mulheres mais desejadas do mundo feito pelo portal AskMen. Só falta mesmo o Oscar.

Uma estrela em evolução
A atriz que despontou em papéis voltados para o público adolescente vem construindo uma carreira marcante